Um só é pouco

Dedicasse desapreço aos médicos, eu os cumprimentaria pelo dia de hoje. Meu apreço, meu respeito e minha compreensão da importante função por eles desempenhada levam-me a desprezar o dia 18 de outubro, porque prefiro cumprimenta-los e agradecer suas ações benfazejas, todos os dias de minha vida, tão mais longa quanto mais valorizada a faina desses profissionais. Não escapam do meu cumprimento mesmo os que, esquecidos do juramento de Hipócrates, solenemente proferido na cerimônia que lhes dá o direito edo exercício da Medicina, rendem-se a outros valores, por isso traindo o patrono de sua digna profissão. Deles, o que a sociedade espera é o cumprimento de deveres diante da Vida, mais dos seus pacientes que a deles mesmos. A pandemia que já matou mais de 600 mil pessoas não apenas roubou das famílias e dos círculos de amizade seres humanos estimados. Na verdade, estendeu-se até os círculos e entidades profissionais, tornando fácil a submissão dos valores jurados cerimoniosamente. Ás vezes, criminosamente esquecidos. Seja, assim, a passagem de um dia - muito pouco, segundo penso - a que muitos dão importância, sirva para profunda reflexão dos médicos sobre seu papel na sociedade, o compromisso assumido em decorrência do juramento oficial e os valores diretamente ligados à Ciência, adquirida ou apenas certificada.