A discussão sobre a escolha de novos membros dos tribunais superiores e do titular da Procuradoria Geral da República obscurece um fato importante, de alguma forma ligado às manifestações dos interessados naqueles postos. Seja por terem seus nomes cogitados, seja pela preferência por alguns dos pretendentes. Discussão que, às vezes inconscientemente, deixa de lado os riscos corridos por nossa hesitante democracia, quando faz da causa identitária o cerne e o ponto exclusivo do processo politico. O ponto que gostaria de destacar diz respeito ao relevante papel desempenhado pela Ministra Rosa Weber, prestes a deixar a Presidência do Supremo Tribunal Federal. Daqui a uns poucos dias, a magistrada gaúcha chega à aposentadoria. No livro de memórias que podemos esperar, Rosa Weber certamente registrará episódio que fez dela a única Presidente da mais alta corte de Justiça a testemunhar - e sofrer - um dos mais ofensivos ataques à democracia. E às próprias instalações do órgão por ela dirigido. Em compensação, terá sido a primeira a presidir sessões destinadas a marcar definitivamente a vida do STF, mas não só dele. No futuro, os historiadores e todos os cidadãos democratas - que outros merecem o qualificativo? - renderão homenagem a ela, não apenas porque terá cumprido com dignidade os deveres constitucionais de sua responsabilidade. Isso é obrigação de qualquer cidadão, até os que não desempenham funções específicas na estrutura político-administrativa do País. No caso de Rosa Weber, a forma altaneira, ao mesmo tempo serena e firme, com que respondeu ao terrorismo faz a diferença. A quase aposentada Presidente do Supremo Tribunal Federal tem neste difícil mas educativo período de sua gestão, o coroamento de uma trajetória ilibada, quando preside sessões que nossa História registrará com a marca de uma nova etapa. Uma espécie de troféu merecido, quando pautas identitárias ameaçam fragilizar a defesa da democracia.
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