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Foto do escritorProfessor Seráfico

Um novo Marquês de Pombal

O dono da Tesla, considerado o homem mais rico do Mundo, passou algumas poucas horas no Brasil e ditou regras. Recebeu declaração de amor de um sinistro de plantão, teve lambidas as botas por outras autoridades e agiu como agem os apenas ricos de dinheiro (sem qualquer outra forma de riqueza), quando bajulados. Sentiu-se, mais que se achou, com o direito de atribuir a si mesmo e à sua capacidade de acumular, ainda que o Globo vá mal, poderes miraculosos para resolver todos os problemas da que ele tem razões para considerar sua colônia. Conta a história que o primeiro grande projeto de desenvolvimento para a Amazônia saiu do gabinete do então Marquês de Pombal. Sebastião José de Carvalho e Melo, a serviço de Dom José I enfrentou os interesses religiosos e propôs políticas para este pedaço do Brasil que Arthur César Ferreira Reis, um historiador e amazonólogo, disse assediado pela cobiça internacional. A Província do Grão-Pará era a segunda das colônias do Império lusitano; a outra era o Brasil. Expedições europeias que visitaram a Amazônia permitiram vislumbrar enorme potencial nos recursos naturais nela contidos, cuja exploração responderia à maior parte das necessidades, locais, nacionais (depois da Independência) e mundiais. Repetir a grandeza do território e as fontes de riqueza que ela ostenta não seria mais que chover no molhado, seja qual for o grau de negativismo. Nenhuma dúvida resta, pelo menos nos círculos mais bem informados, quanto a exploração não-predatória da floresta, dos rios, das minas sediadas na região amazônica poderia contribuir para a solução de muitos dos mais graves problemas da humanidade. Aqui e fora daqui. Trata-se, porém, de entender a Política como espaço onde as vontades, por mais contraditórias, se encontram. O problema fundamental a ser enfrentado, portanto, não diz mais respeito à riqueza por explorar. Mas ao destino dos benefícios dessa exploração. Muitos estudiosos da região, como Samuel Benchimol, Armando Dias Mendes, Sócrates Bomfim, Arthur Reis, Roberto Araújo de Oliveira Santos, Alfredo Kingo Homma, Djalma Batista, dentre tantos outros, abriram caminhos, incluídos na literatura fartamente produzida. Não batiam no peito, proclamando-se patriotas, como é comum ver e ouvir hoje. Nem viam a necessidade de importar patriotas, talvez à constatação de que não nascem mais patriotas como nasciam antes. Preparemo-nos, pois, para a temporada de homenagens e rapapés aos novos donos do pedaço. É a obra mais ostensiva dos patriotas atuais.

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