Quando a França festejava não sei mais bem o quê, a Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, recebia em seu gabinete comitiva presidida pelo reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho. Acompanhado de auxiliares diretos e pesquisadores, Tourinho apresentou o projeto denominado CISAM- Centro Integrado de Sociobiodiversidade Amazônicas. Em si mesma, a denominação do projeto anuncia a forma como serão tratados os problemas regionais de que cuidará o novo Centro da Universidade Federal do Pará. Além do reconhecimento de que existem diferenças e semelhanças nas diversas porções territoriais da Amazônia, pode-se prever a abrangência do projeto, cujo nome não esconde esse propósito. Não poderia ser diferente, haja vista a menção às diversas dimensões propostas pelo CISAM, a começar pelo caráter integrador de que ele se revestirá. O Centro tem extensão não apenas territorial, mas também conceitual. Não serão apenas as reservas de recursos naturais cantadas em prosa, verso e discurso eleitoral os animadores do propósito que Tourinho apresentou à Ministra Luciana Santos. Impressão reforçada pelas seis áreas temáticas - Biodiversidade e Conservação; Água, Floresta e Clima; Oceano e Foz do Amazonas; Contaminação Ambiental e Saúde do Amazônida; Inovação e (aqui a palavra-chave) Povos da Amazônia que inspiram o projeto. À primeira vista, parecem estar contemplados campos de conhecimento abrangentes das mais graves preocupações dos estudiosos, muitos dos quais frequentemente rejeitados pelos que consideram as Amazônias (para usar a linguagem do CISAM) o almoxarifado dos que desejam apenas obter lucros, desdenhosos em relação às vicissitudes por que passam as populações locais. A data em que o reitor Emmanuel Zagury Tourinho encontrou a Ministra Luciana Santos tem muito de simbólica. E não exatamente porque nela ruiu o absolutismo do passado,. sem que até agora se tenham alcançado os resultados proclamados por Desmoulins, Roger de Lisle e muitos de seus antecessores. A liberdade, a fraternidade e a igualdade prometidas parecem não caber na mente dos pósteros àqueles revolucionários. Por isso, dias depois da apresentação do projeto CISAM, era celebrada a transformação do belo projeto do Centro de Biotecnologia da Amazônia - CBA, em mais uma dependência da estrutura erguida para promover a exploração econômica dos recursos naturais da Região, posta toda ela a serviço da acumulação privada dos resultados. Só isso significa o B que o nome do Centro agora ostenta - Centro de Bionegócios da Amazônia. Não se descarte a possibilidade de o CISAM frustrar-se na derrubada de todas as bastilhas, mas se sabe, por antecipação, que ele estará mais próximo disso que o novo CBA.
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