Trágica parceria

Tinha assento no falecido CDES-Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, quando a proposta de criar parcerias público-privadas estava sob os holofotes. Boa coisa, previ, não poderia ser. Mais uma das perversas formas de desviar o dinheiro dos cofres públicos para cofres privados. Agora, leio as tramoias de um tal Instituto Alicerce, a sustentar malandragem da grossa. Junto a ele opera uma tal Escola Alicerce. Seria uma ONG, que as autoridades tão ferozes em relação às organizações semelhantes dedicadas à defesa e ao amparo de indígenas, camponeses, quilombolas, negros, deficientes etc. preferem ignorar. Quando não as hostiliza e difama. Pelo menos é dotada de originalidade a ONG de Luciano Huck e Paulo Batista. Para manter-se, depois de ter dispensado 150 funcionários, pretende que os empregados remanescentes contribuam financeiramente. Pede aos empregados aquilo que, normalmente, negam, e – mais original ainda – desejam que bolsistas também contribuam. O dízimo secular, diriam alguns. Dizer-se que a réplica humana do Zé Carioca se anima a concorrer à Presidência, e que FHC é entusiasta apoiador, parece pilhéria. Se não fosse um retrato da tragédia por que passamos.