Trágica e patética figura

A forma como as pessoas encaram os fatos e como reagem a eles diz muito do que elas são. Mais fácil se torna elaborar conceitos e juízos sobre elas, quanto mais se encontre coerência nelas. A fidelidade a determinado padrão, raramente evitado, por mais frequente a maior a tentativa de o ocultar. O empresário fantasiado de papagaio que esteve diante dos inquisidores do Senado, na última semana, não fugiu a regra. Desde o início da pandemia revelou qual o deus a quem rende homenagens, além dos sacerdotes ignorantes a que pede a bênção. Não digo da forma como aproveitou o fato de ser a própria mãe uma das vítimas da covid-19, para atacar os defensores das medidas que a Ciência recomenda. Esconder as artimanhas e expedientes que excluíram do atestado de óbito as circunstâncias ligadas ao negacionismo foi o mínimo que ele fez. Afinal, foi ele quem se tornou órfão, não qualquer dos outros, senadores ou não, que ali se reuniam. Se isso bastaria para confirmar o perfil lamentável do cultor da imagem da liberdade posta em pedra em Manhattan, e agredida permanentemente por ele, através de fake-news, seu compromisso com a morte, não com a vida, ficou mais uma vez transparente. Ganhar dinheiro - e tão só isso - é seu interesse, seja lá como for. Por isso, aproveitou a oportunidade para transformar-se em garoto-propaganda de suas lojas. A atestado de óbito esclarecedor não foi exibido, mas cartazes publicitários de seus negócios, sim. O que precisa dizer mais, para revelar, em fotografia de corpo (e alma, se no caso houver) inteiro a patética e trátgics figura?