Tirando qualquer dúvida

Pelo que se ouviu (ou não ouviu, seria melhor dizer) de um dirigente da Prevent Senior, muito mais pode-se esperar do depoimento de hoje à CPI do Senado. A advogada de um grupo de médicos que se dizem pressionados pela empresa de Marconny para delinquir, pode pôr na mesa tudo de quanto se suspeita. Assim, o silêncio de seu antecessor ao lado direito do Presidente da Comissão ganhará eloquência ainda maior. Pela dra. Bruna Morato se saberá quanto falta para deixar em pratos limpos a estranha maneira de assegurar a autonomia profissional dos médicos - forçando-os a dizer, escrever e prescrever o que não tem amparo legal e ético. A mesma conduta ditada pelos defensores da liberdade que a desejam submissa às determinações ofensivas à Constituição e assecuratórias da impunidade. Algo semelhante à paz mantida a ferro e fogo, como consta do ideário (?) de democratas tão falsos como as verdades a todo instante por eles mesmos proclamadas. Verdade substituída pela mais vil mentira, não importa a quantidade e a qualidade dos ouvintes. Liberdade e verdade conspurcadas pelo interesse em tomar para si todos os poderes e, nele, subverter o mundo ao gosto e à forma que mais atenda a interesses comprovadamente avessos ao nível de civilização que se pensava ter alcançado. Por ingenuidade, distração ou boa fé, até recentemente ainda seria possível imaginar que tudo tem limite, inclusive a ignorância e a delinquência. O espetáculo proporcionado pela comitiva (que o jornalista-humorista José Simão chama covitiva), na calçada novaiorquina, contudo, desfaz qualquer dúvida. Há o propósito de devolver-nos às trevas, mesmo que para isso o desdém, a incompetência e a ignorância pavimentem seus caminhos com quase 600 mil cadáveres. Se resta alguma dúvida sobre a influência dos médicos da morte liderados por Hitler, o depoimento da dra. Bruna Morato poderá reduzi-la a nada.