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Terrorismo e leniência

Mesmo esforços oficiais para apagar a história podem ser frustrados. A compensar o esforço sistemático dos que temem o julgamento de seus pósteros, existe a memória dos que a têm boa. A geração a que pertenço vê-se mais uma vez ameaçada, em especial porque pode comparar os diversos períodos que nossa já provecta idade atravessou. Nascidos durante a Segunda Guerra, podemos dar algum testemunho sobre o que ela determinou e, mais tarde, quanto se implantaram alguns dos valores perfidamente dados como derrotados. Depois, a intensa e corajosa reação dos brasileiros e de outras nações sul-americanas, igualmente ofendidas e humilhadas, com a redemocratização. Durante esse último período, os atentados ao Rio Centro, à OAB, ao TUCA são aspectos marcantes. Não impediram, no entanto, a retomada do processo democrático, interrompido por longuíssimos, perversos e iníquos 21 anos. Até o renascimento de valores e práticas comuns ao período mais tenebroso da Revolução Francesa, o terrorismo de Estado. Tanto temos condenado o terrorismo atribuído aos inimigos da democracia ou povos oprimidos e humilhados de tantas nações, Mundo afora, que acabamos por descurar do que é praticado à nossa ilharga, com a circunstância de que financiado pelo próprio suor e sangue das vítimas. Porque não têm sido outros os envolvidos na trama terrorista, alguns até facilmente identificados, pois para isso não faltam registros nas respectivas folhas corridas, se não agentes públicos. Alguns, ostentando mandatos populares, outros apenas como seus prepostos, atentos à furiosa orientação ou inspirados pela pura e simples cumplicidade. O que é deplorável, acima de tudo, é constatar o grau de leniência que parece anestesiar setores que se imaginava comprometidos com a democracia ou que, por dever constitucional, deveriam cuidar de desempenhar suas funções profissionais com estrita obediência à Constituição. Não é o caso. O silêncio cúmplice, a tergiversação covarde, e a participação ativa dão no mesmo, quando se trata de terrorismo. A tolerância para com os aventureiros que colocam seus mais miseráveis sentimentos e objetivos acima dos interesses sociais não autoriza tanta leniência. Em qualquer tempo, em qualquer lugar, sobretudo diante de riscos à democracia, à liberdade e à vida das pessoas, leniência demasiada não passa de cumplicidade.

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