Imagino-me general reformado, cuja atividade principal é ler os jornalões, quando não estou frente à televisão, clicando nervosamente o teclado do controle remoto. Entre uma espiada mais demorada e outra na tela, tomo um pouco de chá gelado, que o calor está brabo. Às vezes, vou até a janela e olho pro marzão bonito, aquele azul agitado, coberto pelo azul mais calmo. Talvez a busca da explicação que estou certo de não encontrar. A dúvida é grande, porém. Só por isso, apego-me a ela como a craca não abandona o barco. Não era isso o que eu esperava ver, depois de quase quarenta anos de convivência com meus heróis, alguns até considerados super. O que marcava sua presença entre os demais eram os exemplos dados a todo momento. Levavam ao extremo o compromisso com o que chamavam pátria. Não se deixavam atrair pelos sedutores chamados a corromper-se. Todos viamos neles modelos dignos de ser seguidos. À medida que eu conquistava uma posição superior, mais forte ficava o sentimento de orgulho ostentado desde que atravessei pela primeira vez o portão das armas. Agora, o noticiário traz pra dentro da minha casa o avesso. Essa a causa do zapear nervoso que me ocupa quase todo o dia. O que era orgulho virou vergonha. Meus quase-ídolos tinham pés de barro. E o barro de que eram feitos desmancham-se ao menor pingo de chuva, se nesse pingo vem a promessa de um ganho fácil. Ainda mais, desonesto.
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