Divulgado solenemente ontem, o plano Nova Indústria Brasil não é o primeiro plano de desenvolvimento nacional. Desde o Plano de Metas que transformaria o Brasil de Juscelino, outras intenções ficaram registradas em nossa história. O último deles a merecer a atenção dos analistas, observadores e lideranças foi o PAC cuja maternidade Lula atribuiu à então candidata Dilma Rousseff. Esta, como se sabe, defenestrada com a participação de muitos de quem o PAC foi pai, padrinho e mão amiga. Coisas da política. Basta que esta seja rasteira e nada tenha a ver com as carências e interesses da maioria. Não é isso o que vem ao caso, agora. Acima de tudo, é preciso avaliar pontos específicos, todos eles condicionados à análise do que a NIB chama missão (um viés religioso?). Não só isso. Os fundamentos das cinco direções (chamo-as eu) do plano e as decisões, práticas e objetivos não podem passar ao largo da preocupação e da análise dos especialistas. E dos brasileiros em geral. Sem excluir os cidadãos e lideranças dos outros países, neste mundo globalizado. Em primeiro lugar, há a destacar o papel do Estado como indutor do desenvolvimento. O mesmo papel atribuído ao poder público pelo governo JK e outros que o sucederam, antes que os ganhadores de sempre escancarassem só admitir o Estado se dele tivessem absoluto e exclusivo controle. O Estado como sua mão amiga, mais que visível, forte e firme. Quando não, a simples redução de seu tamanho e importância, como dizia pretendê-lo o anarcocapitalista (queira isso dizer o que seja) argentino Xavier Milei. Surgem, antes mesmo de lançado oficialmente o NIB, críticas a respeito de um velho instrumento que pode ou não ser positivo. Refiro-me aos subsídios, cuja concessão ao longo do tempo nada fomentou, além da extravagante e monstruosa concentração da riqueza. Portanto, excepcional instrumento de produção e permanente aprofundamento da desigualdade. Se a participação do setor privado não se der, no mínimo, na base da metá/metá (50% de recursos públicos/50% de recursos privados) nada será alterado. A promessa de oferecer linhas de crédito, igualmente. Se as taxas de juros não forem menores que as atuais, difícil imaginar benefícios. Aos produtores e às populações. Também os subsídios estão elencados como parte do Estado e as conhecidas renúncias fiscais. Neste caso, não há como descurar da realidade amazônica, com o Polo Industrial de Manaus sendo o foco quase exclusivo das atenções. Ninguém, minimamente dotado de bons propósitos, arriscaria já agora apostar no êxito ou no fracasso do NIB. Dos instrumentos a serem utilizados e já conhecidos, conhecem-se os resultados. É certo que as perspectivas de que são vistos e dos objetivos a serem alcançados virá o resultado final. Ignorado o processo de globalização e o impacto por ele determinado em todas as nações, mantidas as práticas que aumentaram e ampliaram a desigualdade, a segunda hipótese - o fracasso - pode ser esperada. Desprezadas a necessidade de explorar racionalmente os recursos naturais e mantidos os pressupostos atuais dessa exploração, não se pode esperar resultado diferente. Nada pode ser assegurado, ainda, mas não custa fazer um exercício de imaginação, levando em conta a realidade atual e o caminho percorrido em sua construção. A rigor, todas as expressões contidas e conhecidas do NIB estão presentes nos documentos de igual índole. As consequências são por demais flagrantes - crescimento da desigualdade, desindustrialização do País, aumento nos índices da violência, corrupção persistente etc.- para serem ignoradas.
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