Labora em erro quem imagina que a aproximação do Brasil com os países fora da influência dos pretensos donos do Mundo é um erro. Pode até desembocar em situações desfavoráveis para nós. Dizer, a priori, que esse será o resultado, porém, apenas revela a desatenção de muitos observadores e candidatos a analistas das relações internacionais. A implosão da União Soviética, que resultou na autonomia de países menores que orbitavam a Rússia, levou a equívoco que a realidade das primeiras décadas do terceiro milênio põe a nu. Mesmo fugindo a compromissos assumidos depois da derrubada do muro de Berlim, o governo dos Estados Unidos da América do Norte se sentiram à vontade para mexer com maior desenvoltura nas peças do xadrez da política internacional. À derrubada de governos intimamente ligados à antiga metrópole soviética, seguiu-se o cerco aos países correspondentes, de que a instalação da OTAN e seu arsenal bélico é exemplar. O estrangulamento alimentado pela arrogância e pela força das armas, entretanto, não se deu com o mesmo grau de eficácia experimentado em outras nações, Mundo afora. Quebrada a bipolarização que o confronto entre a URSS e a grande nação norte-americana manteve no pós-guerra, abriu-se a possibilidade de fragmentar o poder. O crescimento da China, inicialmente, foi a primeira ameaça à prepotência dos governos dos Estados Unidos da América do Norte. Os fracassos em diversos conflitos em que se envolveram fora de seu território, quando não provocados, sustentados e estimulados pelos norte-americanos, se por um lado reduziram o poder da antiga União Soviética, puseram em evidência e abriram as portas por onde entraram alternativas de pulverização do poder político. Curioso é entender a ascensão da China como uma nova potência, pelo que custou às propostas que se dizia socialistas, mas executada segundo os mais destacados valores e práticas do capitalismo. De tal modo que, por mais que se tente encontrar outra explicação, não sai do radar dos observadores a expressão capitalismo de Estado. Houve momento em que se perceberam os enormes riscos corridos pelos Estados Unidos, como consequência dos pesados investimentos chineses lá realizados. A emergência daquele grande país asiático, no entanto, se faz dele um outro polo, não lhe confere exclusividade na substituição da União Soviética. Mais recentemente, a criação do BRICS coloca no tabuleiro uma importante peça, em especial se considerarmos o processo de desenvolvimento da Índia e a promessa do Brasil, no cenário mundial. Vencidos os problemas que emperram nosso desenvolvimento, e entendido o papel que poderemos desempenhar, nossas potencialidades serão todas voltadas para nos reposicionar - e em circunstâncias muito mais favoráveis - no grande tabuleiro das relações internacionais. O tamanho de nosso território assegura de antemão, sonhar com o aproveitamento da diversidade a que esse fenômeno natural dá causa. Somos capazes de produzir durante o ano inteiro, se o calendário e as condições climáticas e ambientais forem observados. Menos que antes, quando era mais ponderável a faixa etária da população economicamente ativa, ainda assim contamos com contingente expressivo da população a levar sua força de trabalho à ação. Basta, porém, manter a atual curva de distribuição da riqueza para anular essa condição em princípio favorável ao desenvolvimento do País. Nem se fale do potencial hidráulico, eólico, bioenergético, de que talvez não haja igual na Terra! Analistas norte-americanos já advertem o governo de seu País: enquanto a China oferece (aos outros países) um aeroporto, os Estados Unidos oferecem uma palestra. Os ridículos 50 milhões de dólares prometidos (a serem pagos quando?)* ao Fundo Amazônia são o que os antigos diziam dinheiro de ponta de lenço. Atentem os críticos das mais recentes posições do Brasil diante do Mundo, se não desejarem cair no ridículo dos avaros doadores. _______________________________________________________________________________
* Atualização: o valor anunciado por Joe Biden foi multiplicado mais de vinte vezes, sem que se altere a probabilidade de o Congresso norte-americano negar o que pede o governo de lá. Por enquanto, é só chorumela, como dizia o comediante Milani.
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