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Suruba oficial

Escatológico como o é, o atual (des)governo também traz consigo a marca da mais absoluta amoralidade. Os fins, assim, valem mais que os meios. Ainda que a isso corresponda a pena de morte que já transferiu para os cemitérios quase 600 mil brasileiros. Todos um dia vamos morrer, e um Presidente não é coveiro. Simples assim, diria o outro, como a ampliar o rol dos que um dia – só não se sabe ainda quando – sentarão em bancos ocupados por Eichmann, Goering, Hess, Ribbentrop, Streichter. Também Radovan Karadzic, ex-líder bósnio, e Milosevic Slobodan, que morreu antes de ser condenado. Ambos foram chamados às falas pelo Tribunal Internacional Penal de Haia. A reunião planaltina de 22 de abril de 2020 deu uma ideia das entranhas do poder, configurando uma espécie de processo escatológico em permanente e repulsivo avanço. Transformada em passarela dos horrores, a CPI do Senado assemelha-se a uma verdadeira suruba politica (moral, também). Os debates, as desculpas e mentiras, as ameaças e alegações, ditos à frente dos senadores e as declarações e notas oficiais, mensagens de internet e noticiário jornalístico parecem desenhar lamentável quadro: atrás de um propineiro, um acusado de pedofilia; nos calcanhares do prevaricador, o denunciado por caixa dois; ao praticante do tráfico de influência, segue o falsificador. Um atrás do outro, dando valor simbólico inesquecível ao trágico cenário. Chegar ao momento de pôr os responsáveis, segundo apuração dentro dos limites do devido processo legal, portanto, é o que cumpre à Comissão. Sem que isto baste para erigir os membros do importante colegiado em heróis nacionais ou pessoas acima do bem e do mau. Os que têm pecados a pagar não podem constituir exceção.

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