Sou marxista-leninista, logo tenho na luta de classes uma referência fundamental dos conflitos sociais. Aprendi a analisar a realidade tendo como base o materialismo histórico e com o materialismo dialético dialogo com a história. Mas este instrumental teórico e metodológico não me tira a perspectiva de entender o jogo político ou leva a me esconder no discurso puramente ideológico, para não ter uma posição política de enfrentamento com os agentes da classe dominante, como vem fazendo uma cambada de pseudos-comunistas ou de intelectuais do campo da esquerda.
É muito fácil tomar posição ideológica e se esquivar da definição política, como se os agentes políticos não constituíssem um sujeito coletivo. Na verdade, o discurso ideológico sem posição política - aquele que fala da burguesia, mas não fala o nome do burguês, com receio de retaliação - vem servindo de instrumento de intelectuais e militantes covardes, trânsfugas do embate real.
O materialismo histórico e dialético é um instrumento de luta e não de covardia. Precisamos entender a ação dos sujeitos políticos, suas alianças, seus movimentos, para compreender a luta de classes como força motriz da história.
Na Divisão Internacional do Trabalho a conquista de regimes democráticos e de governos populares serve à luta de resistência contra aqueles países que se desenvolveram economicamente às custas da acumulação primitiva: dos saques e crimes contra a humanidade.
A classe trabalhadora ou o proletariado, como escrito em 1848, comemora cada conquista política e dela faz um instrumento de luta contra a opressão da classe dominante.
Não está na política a transformação social, mas é nela que os sujeitos ideológicos se expressam e tomam forma. Não necessariamente o agente tem que ser deste lado da história, mas no momento que sua ação fortalece nossa luta ele é um aliado.
A luta de classes é real e não uma fantasia idílica dos medrosos e oportunistas.
Lúcio Carril