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Soam mais forte

Soam mais forte as trombetas do apocalipse. Jorge Mário Bergoglio, Francisco em sua enorme humildade encerrou sua passagem pela Terra. O agnóstico, talvez mais dos que os sempre esperançados de alcançar um favor, um benefício, uma graça, tem suas próprias razões para se sentir órfão. De alguma forma, a pregação e os exemplos dados pelo cardeal argentino, em seu curto período (2013-2025) de papado, geraram no incréu mais que em todos os outros, a esperança e as utopias que é justo ao ser humano, coletivamente, alimentar e perseguir. Não se desanime nenhum desses utópicos, nem tome como desprezíveis coincidências que os verdadeiros católicos e os que não o combatem mesmo sem acreditar, têm olhos para ver, ouvidos para ouvir e discernimento para avaliar. A passagem de Francisco se dá exatamente no dia em que os fiéis da igreja de que Pedro terá sido a pedra fundamental festejam a Páscoa. Também não se devem impressionar negativamente, diante do fato inconteste de que muitos estarão celebrando a partida de Francisco. O mundo experimentando ambiente fragilizado pela ambição e pelo culto ao dinheiro e à morte, há muito se vem fazendo materialista e indiferente a tudo quanto o dinheiro não compra, a maldade não executa, a ambição não justifica. Por isso, e por muito mais, a morte do cardeal argentino propiciará o regozijo de alguns, a alegria de tantos outros. Nos templos transformados em agências financeiras, poder-se-á até perceber sinais de alívio. Felizmente, haverá os que verão na coincidência da passagem de Francisco com o dia em que os católicos festejam a Ressurreição, acenos de uma realidade que depende dos homens construir. A realidade com que Francisco sonhou e fez questão de testemunhar, em especial como forma de levar sua palavra - mais de esperança que de simples fé - àqueles que professam com sinceridade os mandamentos contidos nos Evangelhos. Mesmo os que, afastados da religião católica, mas sem ver nelas um obstáculo, teimam em reivindicar aos fiéis sua participação na ressurreição da Esperança e na consumação dos propósitos a que se vinculou a peregrinação de Jesus. O jesuíta Francisco deixa, mais que sua imagem, o exemplo de uma vida voltada para o ser humano, estimulando-o a dedicar-se à construção de uma sociedade solidária e à Humanidade a certeza de que toda utopia vale a pena. Só não sentirá o que sente um agnóstico, quando Jorge Mário Bergoglio desaparece fisicamente, se ele vir cada argentino como um adversário a combater, um inimigo a derrotar, não um irmão vizinho, um companheiro de sonhos. Perde-se a presença física de Bergoglio, mas as sementes que ele deixa hão de, cada dia mais, florescer no seio de uma Humanidade pacificada, próspera, feliz e certa de que pode construir seu próprio futuro. Será a maior homenagem que o primeiro Papa latino-americano e jesuíta poderá inspirar. Por puro, simples e justo merecimento.

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