Silêncio

Num certo sentido, os grandes media deixaram em inexplicável silêncio a frustração de previsão feita por muitos deles, a respeito da convenção que apresentou o Presidente da República como candidato a suceder a si mesmo. Antes de ela realizar-se, além das manobras utilizadas por alguns opositores para esvaziar o encontro, frequentava as preocupações de todos a eventual repetição do Rio Centro. Ou, em escala se não mais grave, diferente, da facada sem sangue de Juiz de Fora. O imaginário ou informações até aqui não tornadas claras fizera circular a suspeita de que o Maracanãzinho seria palco de acontecimento de alguma forma semelhante à explosão que matou um sargento e mutilou um capitão, na véspera do dia do Trabalho, em 1981. Nesse caso, se jamais se dirá ter o tiro saído pela culatra, impossível negar no colo de quem explodiu a granada. No outro caso, Adélio Bispo foi dado como lunático e pessoas envolvidas mais ou menos com a trama, tiveram o CPF cancelado, no linguajar dos círculos oficiais. Como tempos sombrios propiciam a formulação dos piores prognósticos, há os que esperam - sem se asseverar que os temores foram aplacados - a repetição do 7 de setembro de 2021. Pelo menos, no que toca aos interesses e sonhos do Presidente, ele de novo tentaria gerar a bagunça que tanto se pareceria com a mente caótica por ele ostentada. De outro lado, há os que vêem remota essa hipótese. Menos porque seja menor a sanha que o ódio sustenta nele, que pela necessidade de ter ao menos uma última porta onde bater, contados os votos de 2 de outubro. Os números revelados pelas sucessivas pesquisas têm causado intranquilidade nos círculos governistas. Não é perdida de vista a quase impossibilidade de, negada a reeleição, de quem quer que seja o sucessor será cobrada a responsabilização do atual Presidente. Motivos não faltam.