Recebo a visita de amigos residentes em Estado do Sul. Moraram durante algum tempo em Manaus, procedentes do Sudeste onde nasceram. Vieram de Belém, com rápida passagem e permanência em Alter-do-chão, que os profissionais do turismo vendem como o Caribe da Amazônia. Chama a atenção deles a expansão territorial da capital amazonense, de que nunca se aperceberam quando aqui moravam. Pensavam-na menor que Belém, inadvertidos de que a antiga metrópole da Amazônia é há muito tempo uma cidade sitiada pelas forças armadas de seu próprio país. Era como a qualificava um jornalista paraense, ao lembrar que os pontos extremos da cidade eram e ainda são ocupados por quartéis ou instalações das três armas. Da Marinha, um quartel chamado Arsenal de Marinha, no bairro da Cidade Velha; o território que se estende até o distrito de Icoaracy tem seu trajeto interrompido pelas instalações da Aeronáutica, com a base aérea, residências militares e outras dependências, quando não pelas construções e diques do Distrito Naval; em direção à BR-316, na principal avenida do bairro do Marco, a maior unidade da tropa, hoje chamada 2º BIS - Batalhão de Infantaria da Selva. A tal ponto os visitantes se surpreenderam, sem desdenhar, contudo, do quanto terá a economia da zona franca influenciado nas alterações só agora percebida por eles na paisagem e na vida em Manaus. Todos se mostraram surpresos com o resultado das eleições presidenciais na capital amazonense, que sabiam ter-se tornado em uma semana o epicentro da pandemia em escala mundial. Mais perplexos se mostraram, quando alertados para o permanente esforço que o atual (des)governo faz para desmantelar a zona franca, mesmo depois de ela se ter transformado, não sem certa ufania tola, no pomposo Polo Industrial de Manaus, PIM. A perplexidade com certos sinais de revolta e indignação certamente terá sido maior que a sentida pelos que acompanham amiúde os fatos e condutas de lideranças locais, dentre as quais é fácil identificar verdadeiros defensores de interesses que nada têm a ver com as necessidades dos habitantes, da capital e do interior do Amazonas. Da Região, inclusive, porque a área de influência da ZFM ou PIM não se restringe à capital de um Estado. Não haveria argumento que os fizesse longe de admitir Manaus como um dos lugares em que mais se registram fenômenos semelhantes ao que se chama Síndrome de Estocolmo. Depreciando os pobres, as mulheres e favelados, houve tempo em que se dizia que quem gosta de apanhar é mulher de malandro. Certa parte da elite brasileira, porém, se não perde os trocados que lhe caem nos bolsos, também rende homenagens e faz rapapés aos que lhes impõem sofrimento.
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