Surpresa é algo impossível de alegar, diante da agressão sofrida por Pablo Marçal, em frustrado debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Só quem nunca perdeu alguns minutos de sua vida, ouvindo linguajar agressivo e desumano de Luiz Datena poderia mostrar-se surpreso. O apresentador de televisão construiu sua imagem e foi levado à ilusão de prestígio, graças à manifestação de preconceito, autoritarismo e de perfil ajustado ao que se chama justiceiro. Para ele, como para muitos dos seus assemelhados, bandido bom é bandido morto. Como os outros que rezam pela mesma cartilha, dispensam-se a tipificação do ato aparentemente delituoso e a instauração do devido processo legal. Na mente de indivíduos como o agredido de anteontem, bandido é aquele que não merece sua amizade, nem mantém gordas contas bancárias. O fato de ter sido um espécime com as características da vítima o agredido, todavia, não tira deste as más qualidades ostentadas. O mundo por ele, Pablo Marçal, percebido e divulgado, coincide na substância com os juízos expostos cansativamente pelo agressor, em canal aberto de televisão. Um pelo outro, não há troco. A proximidade de ambos com acontecimentos políticos tem pouco (para sermos razoavelmente generosos) a explica-la. Dispensaria explicação, no entanto, se os dois estivessem ligados à ação dos policiais. Aí, sim, eles poderiam ser listados dentre os candidatos - a uma cela do sistema penitenciário.
top of page

Posts recentes
Ver tudoAs declarações de Fernando Haddad, o Ministro da Economia frequentemente contrastantes com o que diz o Presidente, não são tão graves...
40
Descobri que as palavras também cumprem quarentenas. Como se precisassem de repouso, tão cansadas de serem proferidas, sem que algum...
391
Quando a verdade não interessa, perde o sentido qualquer discussão, seja qual for o assunto de que ela trate. A produção e disseminação...
30
bottom of page
Comments