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Segredo e chantagem só produzem reféns

Só os cegos, naturais ou por preferência, não enxergam. O tipo de relação entre o Parlamento e o Poder Executivo cada dia se torna o grande problema político do qual resultam a permanência e o aprofundamento da desigualdade. Exemplo disso, embora não único, nem raramente ostentado, são as negociações para compensar as perdas que a recusa de elevar o percentual do IOF representam. Ao mesmo tempo em que a Câmara dos Deputados reclama das despesas públicas, as excelências lá assentadas tratam de apropriar-se de recursos que lhes poderiam atribuir mais dinheiro, a cada novo mês. Escândalo que só a cegueira premeditada encontra pretextos para justificar. A autonomia de cada poder, a harmonia entre eles também, poderiam ser encontradas, se levada a sério a disposição do artigo 3° da Constituição. Neste, são consagrados como objetivos da república brasileira, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; a garantia do desenvolvimento nacional; a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais;  e a promoção do bem-estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Dê-se atenção a esses dispositivos, então será possível avaliar quão nociva tem sido a atuação do Poder Legislativo, cujo papel hoje mais que ontem, sugere tratar-se do uso da chantagem como forma de assegurar os privilégios de seus próprios membros. De tal forma, que às compensações resultantes da conquista de substancial parte dos recursos do Erário, a maioria da Câmara dos Deputados transferiu o uso de recursos públicos para despesas que atraiam votos. Tudo isso, em operação secreta, condição por si só merecedora da condenação. Dos eleitores, dos órgãos de fiscalização, das autoridades policiais e do Poder Judiciário. Distante até dos preceitos constitucionais a serem observados, a maioria dos deputados em exercício ilustra à perfeição o que disse Ulysses Guimarães, quando ouviu reclamações sobre as leis produzidas na casa que ele presidiu: quem critica o atual Congresso que espere. O que vem pela frente será muito pior. Assim tem sido.

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