Quando estudante de Direito, ouvi de renomados e experimentados mestres, uma advertência ainda hoje válida. O calouro senta no banco da faculdade, achando-se um Ministro do Supremo. No segundo ano, considera-se um desembargador. Na terceira série, contenta-se em ser considerado um juiz. A quarta série o coloca na posição de um rábula. Só na quinta série, quando o diploma está prestes a lhe ser conferido, ele aprende quão calouro ainda é. Naqueles anos da década dos 1960, porém, a marginalidade era menor e ao conhecimento era dada maior importância. Se o pouco que se sabia não bastava, não era a ignorância que garantiria bom exercício profissional. Muito menos, autoridade para discorrer sobre assuntos e temas exigentes de aprendizado. Bem diferente de hoje, quando a simples capacidade de leitura é percebida como suficiente para transformar o leigo em jurista renomado. Sapatos e sandálias dão a medida do talento e das habilidades do sapateiro. Nos assuntos jurídicos não é diferente. Mesmo os que mal conseguem redigir um bilhete discorrem sobre assuntos jurídicos, muitos deles, de boa memória, citando artigos, parágrafos e alíneas lidas nos códigos e demais documentos legais. Basta dizerem aquilo que agrada aos ouvintes e seus interesses, para logo serem guindados ao pódio do ambiente jurídico. Fossem sapateiros, venderiam tamancos pelo preço de finos calçados. Não vejam os saudosos (quantos ainda há, no exercício digno de sua profissão?) sapateiros menos que o respeito e a falta deles nas cidades, como era antigamente.
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