Só pilhéria
- Professor Seráfico
- 17 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
O ex-capitão excluído das forças armadas e depois tornado inelegível convoca sua grei para manifestação em defesa do Estado Democrático de Direito. Fosse outro o promotor e líder da manifestação, nada teria que ser dito, a não ser a adesão dos que lutam e sempre lutaram pela democracia. Mesmo os que chegam agora à certeza de que a pior democracia sempre será melhor que a mais incensada ditadura, teriam razão para aplaudir a iniciativa e dela tomar parte. Não é este o caso, como constatam todos os que acompanham a infeliz trajetória do promotor, desde que ele participou do planejamento de atos terroristas destinados a sacrificar parte da população da cidade do Rio de Janeiro. A pretendida destruição das fontes de abastecimento de água daquela cidade levou-o a receber um prêmio, não uma pena. Graças a esse resultado e à identidade de visão de mundo mantido pela comunidade a que se diz afeiçoado, embora desmentindo-o seguidamente, a trágica figura chegou à Presidência da República. Sem em nenhum momento esconder seus propósitos. Não faltam na infeliz trajetória dele a reiteração e a crescente crença e firmeza em que deveriam ser mortos cerca de 30.000 brasileiros, para consertar tudo quanto ele considera errado. Dentre suas vítimas, o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Nem cessou sua pregação encomiástica aos que torturaram e assassinaram nas prisões e em outros lugares os brasileiros descontentes. Como não têm faltado discursos que extravasam ódio e sugerem, recomendam e aconselham a violência contra os que divergem de seus maus propósitos e de sua vocação para o crime. Desde quando passou a disputar votos, não foi outro seu discurso, agravado em sua perversidade e destempero, até hoje. Os exemplos reiterados durante a pandemia não são tão fáceis de esquecer ou apagar. Evidentes, todos eles foram lastreados na bem-sucedida carreira pós-militar, com a agravante de que tem sido financiada por expressiva pensão paga pelos contribuintes ao ex-integrante das forças armadas. Não se trata apenas de lembrar o desdém e os ataques dedicados à Ciência, ridicularizada pelo mandatário, logo aplaudido pelos que dele se acercam. Não seria preciso, sequer, mencionar a estimativa de mais de 200 mil vítimas da pandemia, cuja morte tem a ver com a hostilidade ao conhecimento científico e à ação criteriosa dos que fizeram e cumprem o juramento hipocrático. Não param aí, no entanto, as ações maléficas do indivíduo, como sucessivas operações da Polícia Federal e decisões do Poder Judiciário o revelam. Sempre – e isso deve incomodá-lo mais que tudo – sob o pálio do devido processo legal. Nada, além disso. Agora, essa figura que ocupará a cloaca da História ousa dizer-se defensor do objeto que só mal lhe tem feito – a democracia. Tanto quanto as mãos sujas levaram a pizza à boca, em rua de Nova Iorque, ele pretende proclamar e produzir, com as sujeiras que sempre saem de sua boca, nova pilhéria. Não há palavra mais adequada para nomear a manifestação para a qual ele convoca os brasileiros.
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