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Símbolos na antemanhã

Até a tarde de quinta-feira, os media reclamavam da omissão de duas figuras emblemáticas da tragédia brasileira, silentes em relação ao vexame planejado e conduzido pelo Presidente da República, perante plateia internacional. Veículos de comunicação de vários países já tinham manifestado seu desagrado, sequenciando a manifestação de repúdio de numerosas entidades civis brasileiras e expressivos segmentos da sociedade. Dentre os críticos da nada inédita conduta do ex-capitão excluído das forças armadas, às associações de alguma forma ligadas às profissões jurídicas somaram-se membros do Ministério Público Federal. Outros servidores públicos, da ABIN inclusive, repetiram o gesto de rejeição ao golpe. A primeira dessas figuras é o Presidente da Câmara dos Deputados, cuja lira é tocada por dedos acostumados a manipular fantoches. Seu silêncio em algum momento foi atribuído ao fato de estar em campanha política, na tentativa de reeleger-se. Quem nunca esteve coberto pela im(p)unidade parlamentar pode não valorizar o mandato, mas quem sabe quanto dela precisa pensa diferente. Como o náufrago em perigo no alto mar, a busca de uma boia pode ser de bom aviso. A outra figura é a do chefe do Ministério Público Federal, que deveria cumprir as funções de representar em juízo os interesses da União, com o título de Procurador-Geral da República. Como andamos distantes do sistema político descrito por Montesquieu, depois de muito procurado - e achado, como não acontece em sua área de atuação - Augusto Aras somente na tarde daquele dia, 21, e em meio informal, pôs a público sua defesa da democracia e do respeito ao resultado da eleição de outubro. Descobriu-se que sua nota não era mais que o recorte de manifestação anterior, para plateia estrangeira, em oportunidade que antecedeu o enxovalhamento do Estado Democrático de Direito, sob a batuta do Presidente da República. Quem procura, se de fato procura, sempre acha. Foi o que ocorreu com espertos jornalistas, que logo trataram de espalhar a farsa aos quatro (ou oito? ou mil?) ventos. Há quem veja, mais que um tiro no pé, um tiro no coração e na mente (se ele a tem) do autor das imprecações contra a democracia. Quem sabe a escolha do local (Palácio do Alvorada) traga em si mesma forte simbolismo? O amanhã está próximo, e as trevas parecem anuladas no seu propósito de coroar o trágico período que os brasileiros experimentam há quase quatro anos.

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