top of page
Foto do escritorProfessor Seráfico

Revelações

À medida em que avançam, as investigações sobre o frustrado golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 tornam mais claras certas situações e insinuações cuidadosamente falsificadas. Geradas no e geridas a partir do centro do próprio poder central, as informações divulgadas geralmente constituiam o que se tem chamado fake-news. Recursos públicos mantiveram verdadeira rede de produção e divulgação de mentiras, cujo objetivo era o de levar à terra a incipiente e frágil democracia que o povo apoiou, manifestando-se nas urnas. O dia da infâmia, como o chama a ex-Presidente do STF, Rosa Weber, foi apenas o clímax do processo. Antes, às palavras incitadoras da violência sucederam-se ações terroristas, de que cada dia se vem sabendo mais. Uma das mentiras mais reiteradas diz respeito à insinuação tantas vezes divulgada pelo ex-capitão excluído das forças armadas e depois tornado inelegível, da existência do que chamava meu exército. Proclamação semelhante a de tantos outros ditadores, o ex-presidente pretendia dar a impressão de que as instituições militares estavam univocamente comprometidas com o terrorismo e o golpe de Estado por ele liderados. Agora, é possível aos brasileiros ver desmentida uma das fake-news mais divulgadas. Embora se possa admitir faltarem muitos nomes de militares de alguma forma aderentes às práticas terroristas e ao objetivo a elas vinculadas, sabe-se haver nos quartéis profissionais absolutamente convictos das funções que lhes cabe desempenhar. São os legalistas, para os quais o poder que vem das armas não torna seus instrumentos de trabalho o que a forca representou, na Inconfidência Mineira. Ou o que os Tonton-Macoute significaram no Haiti de François Duvalier, o Papa-Doc. Porque levam a sério o papel sócio-político que a Constituição lhes confere, entendem que a soberania de uma nação jamais poderá ver como inimigos os seus compatrícios. Em que pese o registro de problemas independentes da extensão das nossas fronteiras, nelas ainda é necessário manter efetivo militar cujo papel - dissuasório e defensivo - não pode ser negligenciado. As outras ameaças que o tráfego incessante de capitais expressa devem ser combatidas com outras armas a que à Política e à Economia devem estar atentas. A expressão legalista como atributo de muitos dos militares que respeitam suas respectivas armas, mostra-se desejável. Primeiro, porque deles não se espera a conspurcação das organizações a que pertencem. Depois, porque nos fazem lembrar de Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, o general que só se curvava diante da Constituição Federal. É este o exemplo a seguir, não o do general Frota, que Ernesto Geisel tratou como o exigia a Lei Maior. O RDE não esgota o ordenamento jurídico.

26 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Cesteiros e seus cestos

Ratificar a condição de surrealismo embutida em nosso cotidiano é o mínimo - nem por isso menos justo - a que se pode chegar, diante de...

Falem sério!...

Então, o IPM instaurado para apurar o envolvimento do hoje inelegível em atos terroristas no Rio de Janeiro, foi apenas uma farsa? Os...

O humor (e o amor) do mercado

Repito, talvez pela enésima vez: enquanto a satisfação das necessidades da fração mais pobre da população brasileira não for pelo menos ...

Comments


bottom of page