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REGISTROS HISTÓRICOS DA FORMAÇÃO E DA VIDA DO POVO HEBREU/JUDEU E SEQUÊNCIA GENEALÓGICA DA ORIGEM A


Orlando Sampaio Silva

IV PARTE B - J O S É (do E G I T O)

O filho de Jacó de nome José (que viria a ser conhecido como o José do Egito) teve os seguintes filhos: Manassés e Efraim (cf. acima). Está registrado na Bíblia que José, o décimo primeiro filho de Jacó, nasceu no ano de 1.562 a. C.

E a estória de José, o “José do Egito”?

José, nasceu em Harã, em Canaã, onde viviam seus pais, seus irmãos e parentela. Os irmãos de José passaram a alimentar um sentimento de ciúme/inveja do irmão, por considerarem que ele era o preferido de seu pai. Esse despeito chegou ao limite quando Jacó presenteou José e apenas ele, com uma túnica de grande beleza e valor. Então, em um momento em que os irmãos estavam no campo pastoreando seus rebanhos, alguns deles, depois de terem colocado o penúltimo dos irmãos homens no interior de um poço e de ele ter sido salvo por um dos irmãos, José foi vendido pela irmandade por vinte moedas a mercadores que passavam e que se dirigiam ao Egito. José foi levado para o Egito pelos mercadores. Neste tempo, José tinha 17 anos de idade. No Egito, José foi vendido pelos mercadores a Potifar, para ser seu servo.

Morando na casa de Potifar, José aprendeu a língua egípcia e se tornou escriba. Potifar era um general egípcio que havia perdido seus órgãos reprodutores em uma guerra, mas que era casado. A esposa de Potifar (Sati? Na Bíblia não há referência ao nome dessa mulher; trata-se de nome que aparece em texto apócrifo) quiz conquistar José a quem ela se ofereceu para atos e práticas sexuais; mas José recusou-a. Ela, distorcendo os fatos, denunciou-o ao marido, dizendo ter José tentado possuí-la sexualmente. Em face da denúncia, o marido mandou prender o servo. Na simbologia destes fatos originou-se a expressão a mulher de Potifar. Em nossos dias, encontra-se catalogado na Criminologia este tipo de comportamento feminino, como a “síndrome da mulher de Potifar”, um tipo criminal.

Na prisão, José conheceu um serviçal do Palácio do Faraó. O serviçal do faraó teve quatro sonhos, que foram desvendados por José. Um dos sonhos José interpretou que se tratava de um aviso de que o seu companheiro de prisão iria ser solto e voltaria para sua função no Palácio do rei. Esta previsão concretizou-se. José passou a ser considerado um intérprete de sonhos.

Foi então que o Faraó teve um sonho e seu serviçal lhe disse que na prisão havia uma pessoa que interpretava sonhos. Chamado pelo Faraó, José foi ao Palácio e interpretou o sonho: 7 vacas gordas significavam sete anos de fartura; 7 vacas magras simbolizavam sete anos de muita fome. Crédulo na previsão e temeroso, o Faraó nomeou José Vizir do Egito, ou seja, governador, o responsável pela administração do Estado, a segunda pessoa na hierarquia do Poder. Esta era a época da XVII dinastia egípcia. Nesta conjuntura, o faraó ofereceu a José em casamento Asenate, bela jovem, filha de Potifar (do tempo em que ele ainda era íntegro fisicamente), que era sacerdotisa da deusa Isis. José casou com Asenate, que com ele viveu pelo resta da vida. Porém, em outra versão, Asenate seria filha de Polífera, sacerdote em Om. Seja de que forma for, José e Asenate tiveram dois filhos, os já referidos Manassés e Efraim, que, como se percebe, nasceram no Egito. Eles, os filhos, vieram a organizar uma das 12 tribos hebraicas (cf. acima). Sendo dois os instituidores, esta tribo foi dividida em duas semitribos, dirigida cada uma por um deles.

Neste tempo, em Canaã, houve um período de muita fome. Por causa desta situação crítica, os irmãos de José foram ao Egito, onde encontraram seu poderoso irmão. Eles temiam a reação de José em razão dos seus procedimentos anteriores, que afetaram José. Porém, José, bondosamente, os perdoou e determinou que eles voltassem a Canaã, para de lá trazerem seu pai para o Egito. Os onze irmãos retornaram a Canaã. Foi, então que Jacó, sua mulher, sua filha e o resto da sua parentela foram conduzidos por estes onze filhos para o Egito. Esta caravana foi constituída de setenta (70) pessoas. Alguns raros membros desgarrados da parentela continuaram vivendo em Canaã, em meio aos antigos habitantes do lugar.

Quando Jacó chegou ao Egito com a sua parentela, foram recebidos pelo poderoso José. O encontro entre José e seu pai foi marcado pela emoção. José, em dois momentos, levou seus familiares à presença do faraó, sendo que, em uma das vezes, apenas os irmãos, e, na outra, seu pai, Jacó. Ao faraó eles disseram que eram pastores e que tinham trazido consigo seus rebanhos. O faraó lhes disse que eles eram benvindos e que poderiam ali viver, trabalhar, produzir tranquilamente. Foi-lhes destinada uma terra à margem oriental do rio Nilo, na área das ilhas do delta da foz do rio, terra chamada Gósen, na região de Ramesses, e lá passaram a viver em paz por muitos anos, enquanto José, o governador, viveu.

Jacó ainda saiu do Egito, tendo nessa viagem ido à Mesopotâmia, onde viveram seus antepassados até Abrahão, seu avô. Na volta da Mesopotâmia, foi para Canaã. Foi aí que Deus lhe disse que ele passaria a chamar-se Israel. Então, seus filhos, inclusive José (o vizir), foram buscá-lo de volta ao Egito, e trouxeram o patriarca transportado em carruagens egípcias com conforto e honrarias.

José morreu no Egito, conforme a tradição narra, com 110 anos de idade, em plena glória de seu poder como governador. Há uma versão de que ele morreu em uma batalha contra invasores do território egípcio por povos vizinhos. Seu corpo teria sido embalsamado e colocado em um sarcófago, com as homenagens prestadas ao homem que governou o Egito por décadas. Em outra versão, seu corpo foi atirado às águas do rio Nilo.

Com a morte de José, vieram tempos difíceis, a escravidão.

A estória de José (do Egito) está narrada com sagacidade no romance “José e seus irmãos” (Joseph und seine Brüder), 1933, de Thomas Mann. Um pequeno trecho: Aqueles semblantes tinham estado bem próximos do seu rosto, enquanto os furibundos atacantes lhe arrancavam do corpo com as unhas e os dentes o véu cheio de imagens. Bem próximos tinham eles estado, terrivelmente próximos, e o tormento do ódio que neles José pudera ler foi o principal suscitador do horror que o invadiu enquanto eles o maltratavam. (Vol. 1 – As Histórias de Jacó / O jovem José)


[CONTINUA. Próximo capítulo: “As 12 tribos – A vida dos judeus no Egito – A escravidão”]

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