REGISTROS HISTÓRICOS DA FORMAÇÃO E DA VIDA DO POVO HEBREU/JUDEU E SEQUÊNCIA GENEALÓGICA DA ORIGEM A
- Professor Seráfico
- 14 de mai. de 2021
- 5 min de leitura
I I P A R T E - B
A TORRE DE BABEL - LÍNGUAS
Outro problema bíblico constante do Gênesis é a questão das diferentes línguas faladas então e depois: Se apenas sobreviveu ao dilúvio Noé e sua família e deles decorreram seus descendentes patriarcas e suas famílias, nessa estirpe de gentes todos falavam a mesma língua. Porém, no entorno da área de vida da linhagem dos patriarcas, no sul da Mesopotâmia - Suméria -, havia povos que falavam inúmeras línguas. Como já se viu, a língua dos sumerianos era o sumério com a escrita cuneiforme, sendo esta a forma com a qual ela era expressada graficamente.
Esta realidade linguística para os hebreus-judeus impôs a necessidade bíblica de um mito explicativo da origem das línguas, até porque a História Sagrada registra a formação de diversos povos, naturalmente, cada qual com sua língua, a partir dos filhos de Noé (cf. vimos no capítulo anterior). A narrativa presente na Bíblia registra a história totalizante do único povo criado por Deus a partir de Adão, o “povo de Deus”, do qual derivariam os demais povos com os idiomas por eles falados. A hipótese do Gênesis para a origem das línguas dos diversos povos (naturalmente, pós adâmicos) estaria ao lado das explicações míticas das origens dessas etnias. Daí a estória-mito da Torre de Bebel. A iniciativa da construção monumental ocorreu, na era pós-diluviana, no interior da linhagem familiar que vinha de Noé. O projeto posto em prática objetivava a ereção de uma torre tão alta que possibilitasse aos humanos atingir o “céu”. A construção foi desencadeada. Todos os envolvidos na obra, hipoteticamente, falavam a língua da estirpe, única. Mas, o Deus bíblico, insatisfeito por aquela manifestação de soberba dos edificadores, com sua pretensão de, por seus próprios recursos e iniciativa, atingir o céu, confundiu-os, fazendo surgir, em meio a eles, diferentes línguas. Ninguém mais se entendeu, a comunicação entre as pessoas tornou-se impossível. O projeto foi condenado ao abandono ainda inconcluso. Neste episódio, estariam criadas ou teriam sido criadas as línguas faladas por muitos povos. Babel é uma palavra hebraica que significa “confundir”, mas, também, pode significar “porta de Deus”. O Hebraico Antigo ou Clássico, também dito “língua sagrada”, que veio a ser escrito com o alfabeto consonantal hebraico, era uma língua semítica classificada na família linguística afro-asiática. Há a tradição que se refere a que as Tábuas da Lei teriam sido escritas por Deus em hebraico. Outros preferem referir que esta língua começou a ser escrita na época de Moisés, sem especificar origem divina. Deve-se lembrar que Moisés, nascido no Egito de pais judeus, foi criado e educado entre os egípcios e, como um príncipe egípcio. Que língua falava Moisés? Há evidência nessa estória. Anote-se que Abraão, sumério, falava a língua de seu povo, o idioma sumeriano, quando foi de Ur com sua família para a “terra prometida”. Não há outra alternativa para a língua falada por Abraão. A partir de então, o patriarca viveu durante muitos anos em convívio com os cananeus. Isaac, filho de Abraão, Jacó, filho de Isaque e os treze filhos de Jacó todos nasceram em Canaã e aí se socializaram, aprenderam o cananeu. Por hipótese fundada em dedução lógica, esta era a língua que Jacó e seus filhos falavam quando foram para o Egito. Depois da escravidão de 400 anos no Egito, o povo judeu fugiu do Egito (Êxodo) e, depois de quarenta anos no deserto, foi viver na “terra prometida”, Canaã. Foi então que, no convívio com os cananeus, vieram a instituir sua própria língua, uma língua semítica da família linguística afro-asiática. Também, na Linguística, encontra-se outra classificação do hebraico como uma língua semítica da família cananéia. Penso que estas duas classificações não são excludentes entre si. Considero mais que elas são reciprocamente complementares; trata-se de um maior detalhamento classificatório. Porém, a informação mais concreta, neste campo de considerações, diz que o primeiro texto escrito em alfabeto hebraico teria sido o calendário Gezer, da época dos reinados de David e de seu filho Salomão, no século X a. C. Há semelhanças entre a língua hebraica e o aramaico, e, também, embora com menos intensidade, similaridades com a língua árabe, conforme os especialistas.
Outras torres ou templos em forma de torres foram construídas por outros povos ao longo da história. Na Mesopotâmia mesmo, o rei Nabucodonosor, da Babilônia, mandou construir o templo-torre Etemenanki para o culto ao deus Maduk. Esta última palavra tem o mesmo significado linguístico de Babel. A torre Etemenanki mesopotâmica foi destruída por Alexandre, o Grande. Há, também, a narrativa que se reporta à uma torre em homenagem a En-Merkar, filho do deus sol, que teria sido rei na Suméria e teria fundado a cidade sumeriana de Uruk ou (cf. referência bíblica) Erech e é miticamente tido como o inventor da escrita cuneiforme em tabuínhas de argila. Este semideus teria tentado, ao contrário da versão babélica, unificar as diferentes línguas, que eram faladas no entorno de Uruk, em uma única língua, a dos sumérios. Há mesmo referência a que teria sido a “confusão das línguas” - ou seja, a existência de diversas línguas -, que levou aquele rei mítico a buscar a unificação linguística. É bem provável que a narrativa bíblica mítica sobre a Torre de Babel esteja concretamente relacionada, com adaptações, àqueles templos mesopotâmicos, acima referidos e aos mitos sumérios.
Também, os egípcios construíram as imensas pirâmides-túmulos para seus faraós. No continente americano, encontram-se as pirâmides maias, as astecas e as de outros povos pré-colombianos, como as pirâmides do Sol e da Lua de Teotihuacan, no México, construções com fins cerimoniais.
Mulheres Bíblicas Importantes [Este tema reaparecerá em outras partes com o destaque correspondente ao que tem na Bíblia]
Nas narrativas bíblicas dos tempos pré-abraâmicos e pós-abraâmicos, a Bíblia destaca algumas personalidades femininas, conforme veremos a seguir e, também, mais tarde, neste estudo.
Primeiro, Eva, a mulher de Adão.
Noéma ou Naamá, mulher de Noé, o acompanhou durante o dilúvio.
Sara foi a primeira mulher de Abraão. Sara era meio irmã de seu marido, sendo ambos - Sara e Abraão - filhos de Terá, configurando-se, assim, um casamento incestuoso, porém, não para os costumes desse tempo. Apenas muito mais tarde este tipo de casamentos seria inscrito na categoria dos tabus de incesto entre os judeus. Sara era infértil e ofereceu a seu marido como concubina, Hagar, egípcia, que era sua escrava. Já na velhice, por interferência divina, Sara tornou-se mãe de Isaac. Com a morte de Sara, Abraão casou com Quetura, com quem teve filhos - Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Jisbaque e Sua.
Rebeca foi mulher de Isaac. Seus dois filhos foram Esaú e Jacó.
Raquel casou com Jacó. Raquel era filha de Labão e sobrinha de Rebeca, sendo esta a mãe de seu marido. Jacó e sua mulher Raquel eram primos cruzados entre si, pois Labão e Rebeca eram irmãos entre si. Lea, irmã de Raquel, também foi esposa de Jacó, em uma família poligínica.
[CONTINUA. Próximo Capítulo: Abraão]
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