Para não fugir à regra, o Presidente da República promoveu nova aglomeração, ao seu estilo. Em nova edição de suas macabras encenações, estava acompanhado de auxiliares, e foi a Uberlândia, sob o pretexto de inaugurar trecho da ferrovia Norte-Sul. Desta vez, novamente não faltou nenhum dos itens que integram o protocolo degradante e desrespeitoso que ele não cessa de oferecer aos brasileiros. Havia o chiqueirinho onde é contido o enlouquecido entusiasmo de seus apoiadores, saudando-o aos gritos: mito, mito, era o que se ouvia, a cada interrupção planejada na peroração do líder. Esta, usando a mesma linguagem suja e chula característica que parece causar orgulho ao Presidente. Nos que o acompanhavam, raros usavam outra, que não a máscara posta pela natureza sobre o pescoço. A propaganda da cloroquina, item obrigatório na temporada de espetáculos do circo dos horrores, também não faltou, previsivelmente acompanhada de ataques à imprensa. Nem a plateia histérica deixou de ouvir apelos e palavras de estímulo à aglomeração. Este, fenômeno constatado dentro de qualquer chiqueirinho organizado para essas lamentáveis e toscas encenações, e do outro lado, onde estavam as autoridades. A livre troca de perdigotos mais uma vez compareceu, pois nenhum desses itens é dispensado do trágico ritual a que se entregam o Presidente e seu macabro cortejo. Por incrível que pensemos ser, não está em cada uma e em todas as iguarias servidas no infausto cardápio o que de pior se possa considerar. O capitão excluído das fileiras do Exército brasileiro não perdeu a oportunidade de lançar um novo balão de ensaio. Também para não fugir à sua índole, como o escorpião não poupa da picada o que lhe carrega às costas. Desta vez, insinuou o uso do estado de sitio, incomodado talvez com a volta do panelaço, de regresso à lembrança e às janelas, Brasil a dentro. Na sua memória, certamente, alguma probabilidade de a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário pedirem, a sério, contas dos atos de seus filhos. Nas palavras do Presidente, mal escondida, a perspectiva de ter o apoio do Congresso para escrever o primeiro capítulo da ditadura pretendida. Entrelinhas há, mesmo que a manifestação venha oralizada, não importa a qualidade da linguagem. Sitio e rede, como se sabe, têm boa convivência.
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quando for aprovada a PEC da impunidade parlamentar, o ato derradeiro começará