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Quem pagará

Quem sabe fazer as quatro operações fundamentais da Matemática, sabe, também, como funciona o mercado. Quem um dia aprendeu como funciona o sistema de produção, pode discernir a respeito do destino dado aos lucros recolhidos e, portanto, tem condições de perceber os valores e conceitos subjacentes ao esforço de produção. O conceito de iniciativa privada, por exemplo, lhes corresponderia, a acreditar-se nos postulados e fundamentos do modo capitalista de produção e do sistema econômico dele resultante. Mesmo admitindo necessário o papel indutor do Estado, só isso não tem bastado aos que proclamam a liberdade do mercado e, em consequência, sua capacidade de melhorar as sociedades modernas. Fornecendo capital suplementar aos negócios privados, portanto, o Estado não raro surge como o grande capitalista público. Renuncia à remuneração de que são beneficiários os prestamistas, ainda que isso acabe por impedir investimentos voltados à satisfação das necessidades da população. Essa é a realidade brasileira, que o tarifaço de Trump e seus associados brasileiros impôs ao País. Um mal em si mesma, a pesada taxação põe luz em certas características essenciais ao sistema, que maneja a mão invisível e perversa que o opera. Mal entrado na adolescência, entendi que ao conceito de empresa corresponde o conceito de risco. Alguns acham que o risco é parte essencial da atividade empresarial. Ainda está por nascer alguém que convença o mais imbecil dos seres humanos de que, no Brasil, os negócios e os que enriquecem por causa deles correm esse risco. O tirambaço trumpiano confirma o que aqui vai dito. Basta observar atentamente a mobilização das chamadas forças produtivas, embora afastados delas os trabalhadores e o Estado brasileiro. Logo se confirmará esse, que parece traço inafastável de nossa sociedade. Porque produtos de exportação perderam a competitividade na (o) capital do Mundo, os exportadores desejam ver compensadas suas eventuais e transitórias perdas. Já se fala, pela voz de agentes do Estado, da redução da jornada do trabalho, de alterações na CLT já desfigurada, e da redução dos salários. Nada se diz sobre a redução da margem dos lucros ou, no limite, da assunção efetiva dos riscos e das más consequências do tarifaço pelos que jamais perderam. É como se vender para o império em decadência fosse obrigatório, dever ignorante das potencialidades e da capacidade de compra que outros mercados apresentam. Pode-se antecipar mais uma vez, quem pagará a conta. Como sempre, os que não conseguem sequer ter uma vida materialmente digna, o oposto dos que a têm, quase exclusivamente nos aspectos materiais.

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