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Quem abalará a bala?

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

Manaus é classificada em terceiro lugar, quanto se trata da violência. Está atrás apenas de Salvador e de Macapá, nesse trágico e vergonhoso índice. Não obstante, as autoridades alardeiam investimentos no setor de segurança. Sempre despreocupados com os resultados dessas despesas públicas, quase sempre vinculadas a interesses que nada têm de republicanos, ou voltados exclusivamente para o benefício dos que lucram - com a violência e as volumosas vendas. Não se conhecem números favoráveis, quando se trata de melhorar a conduta dos agentes e supostos zeladores da segurança pública. Ao contrário, cada dia se sabe do envolvimento deles mesmos no assassinato de pessoas, a maioria das quais selecionadas na enorme população dos excluídos. É como se esses agentes desejassem encerrar o sofrimento dos mais pobres, pretos, mulheres e diferentes, encerrando também sua passagem pela Terra. Em muitos casos, em nome de um deus dedicado a impor sua vontade pela força das armas, e orientados pela mais crua perversidade. Só a essas autoridades não ocorre de relacionar os pesados investimentos no setor de segurança, com os resultados daí resultantes. Os cidadãos, mesmo os que escapam ao extenso rol dos sonegadores contumazes, acabam por tornar-se, todos, vítimas potenciais da violência. Impossibilitados de desfrutar da tranquilidade que cabe ao estado oferecer, os habitantes de Manaus ainda têm a sensação de que são vítimas potenciais dos agentes de que esperavam ação que lhes fosse favorável. Veículos, armas e outros equipamentos, por melhores que sejam, em algum momento serão objeto da atuação humana. Quando o estado tem a servi-lo pessoas não apenas escassamente adestradas no uso dos objetos que a tecnologia põe à sua disposição, mas igualmente portadoras de valores avessos à condição humana, pode-se esperar tudo - menos alguma ação benéfica à tranquilidade individual e à paz social. Nem se pode esperar que os beneficiários dos investimentos, em geral vinculados a negócios que envolvem montanhas de dinheiro, se oponham a essa visão distorcida do problema. A forma como a Economia é vista não cede espaço ao altruísmo ou a algo oposto ao egoísmo necessário ao funcionamento do sistema. É dos cidadãos, em especial dos que se autoproclamam de bem, que há de vir a resistência às políticas postas em prática. Daí a oportunidade que eleições democráticas oferecem à sociedade, para alterar as relações sociais. No caso do Brasil, mais difícil que em muitos outros países, eis que não se sabe, quais deles têm parlamentos frequentados por representantes não-partidários, caracterizados por seu pertencimento a bancadas da bala, do boi e da Bíblia. As partes dominando o todo.

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