Quão cara é a escuridão

Há momentos em que muita luz prejudica. As pessoas sensíveis podem desenvolver a fotofobia. Diz-se que aos albinos intensa luminosidade prejudica. Não são só eles, porém, os que se sentem desconfortáveis, agredidos se cobertos pela luminosidade . Não passa de 1 em cada 17 mil o número de albinos na população do Mundo. Há, contudo, os albinos por opção, para os quais a obscuridade parece inata, uma necessidade essencial. Tanto, que se espalha pelo organismo do indivíduo, dominando-o. A este, mais que aos carentes de melanina, a escuridão traz problemas que acabam por faze-los nocivos à sociedade. Onde estejam estará a tragédia. Sua incapacidade de enxergar um palmo à frente do nariz multiplica-se e afeta todos os órgãos, produzindo muito além de cultivada cegueira. A surdez a qualquer som que não seja a própria voz ou a de oráculo venerado acompanha-se de insensibilidade generalizada. Sua presença no cenário dá-se à moda dos zumbis. Aparentam vida, mas estão humanamente mortos, ocupando sua trágica e aparente presença à tarefa de produzir mortos. E não se veem suficientemente contemplados, se a meta prefixada ainda não alcançou número maior que 15 vezes. Dentre esses infaustos desígnios, e para ilustrar como eles se revelam no cotidiano, a supressão do direito à luz, que o anúncio oficial já apregoa País a dentro. Simbólica e materialmente, portanto, os portadores da morte cumprem com afinco missão demasiado comprida. O que é simbólico, todavia, chega o dia de mostrar-se materialmente provável. No caso, tornando perceptível as trevas que trazem dentro de si e espalham por onde passam. É só ver a conta de luz que está por vir.