Cautela e caldo de galinha, diziam os antigos, não podem ser desprezados. Ambos, se bem não fazem, mal
nunca farão. Menos, ainda, quando o costume é sacrificar a verdade, em ambiente propício à farta, permanente e insidiosa disseminação da mentira. Esta, como a História recente ou distante, posta a serviço de propósito nada lisonjeiro, o comprova. Estamos ainda por ver suficientemente esclarecidos muitos atos e fatos envolvendo personalidades do mundo político e empresarial brasileiro, sem ao menos a promessa de tê-los - atos e fatos - devidamente desvendados. Se, de um lado, há os interessados em cobrir com o véu do sigilo as teias macabras que configuram nossa realidade, outros há desinteressados em buscar o necessário esclarecimento. A razão dessa aparente indiferença desafia, em si mesma, a suposta inimputabilidade desses outros. Quem se der o trabalho de acompanhar o noticiário, e prestar atenção aos detalhes, no mínimo há de suspeitar que armações anteriores poderão ser repetidas. A luta pelo poder e o poder, para quem tem culpas a purgar, são capazes de inspirar os piores sentimentos. E a levar a níveis mais assustadores os que nela se envolvem ou nele pretendem permanecer. A tragédia criando seus cultores e produtores.