A realidade não muda, se repetirmos percepção e conduta correspondentes aos valores, motivações e práticas do passado. Uma coisa foi a esquerda pagar por todos os vícios da guerra fria, no caso brasileiro em trágicos 21 anos. Outra é entendermos o sentido e o conteúdo das mudanças, em quase todos os campos de estudos e atividades humanas. Nesse interregno, avançou o desfazimento das fronteiras físicas, hoje ficção sepultada por expressivo avanço da tecnologia. A aproximação entre nações geograficamente distantes é fato, não mera especulação ou hipótese. Globalização ou mundialização, não importa o nome dado a esse fenômeno. O importante é conhecer a forma como essa aproximação impacta o cotidiano das populações e como reagem a ele os governantes. De permeio, a crise climática em crescente agravamento cobra percepção e comportamentos e relações diferentes. Afinal, a Terra é a morada comum, vivamos nas metrópoles ou nas mais remotas aldeias espalhadas pelo Globo. Nesse particular aspecto, avulta o papel deletério do negacionismo vigente, cuja contenção está longe de ser alcançada. Ignorar que a trafegabilidade dos capitais, Mundo afora, desloca a preocupação com a segurança como ela se apresentava no passado, mais que tolice é um serviço prestado aos que constroem a desigualdade. Aqui, não apenas as diferenças entre os indivíduos mais ricos e os mais pobres. Tem peso específico, também, as diferenças entre países, não importa a distância em que se situam, um e outro. A intensificação e a facilidade com que opera o comércio internacional não se restringem à compra e venda, exportação e importação de produtos, commodities ou não. Valores, práticas, costumes acompanham os objetos comercializados, aumentando a fragilidade dos mais fracos. Ainda perplexa diante do inegável avanço da direita, boa parte das esquerdas do Mundo desvia-se da rota que esperávamos levasse a um mundo melhor e menos desigual, optando por reivindicações limitadas pelo que se tem chamado lugar de fala. Isso faz esquecer o problema fundamental, como se as lutas identitárias promovessem algo melhor que a luta de classes necessária à superação das desigualdades. Fazer as esquerdas entenderem a desigualdade como a questão de fundo e a globalização como o cenário não parece tarefa trivial. É, porém, o mínimo a fazer.
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