Preocupa-me o rumo errático do tri-governo de Luís Inácio Lula da Silva. Menos pelas perdas que ele vem acumulando pessoalmente, que pelas consequências sobre a realidade nacional. Depois de gerar
expectativas favoráveis advindas de suas viagens ao exterior, o Presidente tem criado situações que põem em risco sua biografia; menos, porém, que a devolução do País à caminhada democrática por ele mesmo iniciada em 2003. Com ela, a redução expressiva da desigualdade que tanto o atormenta como líder político e atormenta a maioria da população brasileira, como vítima. Não se poderia esperar diferente de um Congresso quase unanimemente considerado o pior de todos, pós-ditadura. Dentre os poucos - raros, talvez - divergentes, Lula com certeza não estará. Porque discorde das críticas que vêm sendo feitas às viagens internacionais de Lula, não atribuo a elas a responsabilidade pelo passo hesitante que move o governo. Aqui, também me revelo hesitante. Minha hesitação reside em admitir inabilidade ou incapacidade do Presidente, na condução dos assim chamados negócios internos. Não seria difícil, a esta altura, orelacionar tópicos, decisões e manifestações caracterizados pela contradição. Como compatibilizar a proteção ambiental com a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas? O estímulo à produção de veículos automotores "populares" com as promessas internacionais de financiar a proteção das florestas e a redução do risco climático? Mas não são só esses os passos do andar claudicante do governo Lula. Os resultados não se fizeram esperar. A intervenção pessoal de Lula nos entendimentos para aprovar a MP da estrutura do Executivo Federal; o uso do conhecido do toma-lá-dá-cá de que resultou a vitória-derrota dessa mesma MP; o final melancólico da reunião dos países sul-americanos, com o cancelamento do jantar oficial; o endeusamento de Nicolás Maduro; a indicação de Zanin para o STF- tudo isso, e sem caráter exaustivo, concorre para dissolver as esperanças renovadas em novembro de 2022.
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