Grande parte do que o ser dito humano faz, antes passa por sua cabeça. A percepção do que há à sua volta, seres como ele, outros animais ou coisas inanimadas vão deixando suas marcas, em processo consciente quanto inconsciente. Mesmo sem se dar conta dessas peculiaridades que penso corresponderem ao bípede inteligente (afora os que não o são), cada indivíduo acaba por ser resultado dessa experiência que se chama Vida. No cérebro (e quase todos o têm), então, depositam-se os recursos de que se valem os descendentes do pithecantropus erectus para desfrutar da extraordinária do percurso entre o primeiro vagido e o decúbito dorsal definitivo. Reflexões, decisões e ações humanas, portanto, vêm todas carregadas desses armazéns de percepção, imagéticas muitas delas; imaginárias, em boa parte. Para os que apreciam a educação e por isso festejam os que a tornam algo tão necessário e atraente na percepção dos fenômenos, sejam físicos ou sociais, a figura de educadores respeitáveis e dedicados merece reverência generalizada. Assim acontece com Paulo Freire, cuja contribuição à educação brasileira conquista ainda hoje o reconhecimento e a gratidão da população de muitos países. Em especial, naqueles em que Paulo deixou sua marca. Não a marca dos que não lhes oferecem peixes, porque preferem torna-los pescadores, mas a marca dos que tornam a educação uma forma de apreender o mundo e fazer desse exercício um permanente desafio. Nele, o encontro das respostas que a sobrevivência requer. E a busca da realização de sonhos, também. Outros, porém, desdenham do sonho, da Vida, no que ela tem de mais rica e desafiadora. Os medíocres, incapazes de sonhar e, em consequência, tornarem-se pessoas, como o diria Carl Rogers. Um deles, agora feito governador do Estado mais rico do Brasil. A personalidade daquela autoridade nunca se mostrou tão transparente quanto agora. Di-lo a troca do nome dado a uma das linhas do metrô da capital paulista, antes chamada Paulo Freire. A partir do Palácio dos Bandeirantes (nome em si ofensivo às vítimas de chacinas em séculos passados) e por iniciativa de seu principal ocupante, o nome do educador pernambucano será tirado. No lugar, virá o de Fernão Dias, cuja memória os povos ancestrais e os negros não descolam da exploração e das violências de que foram vítimas.
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