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Foto do escritorProfessor Seráfico

Ponderado

Em geral agressivo e exagerado, desta vez o ex-governador do Paraná, ex-prefeito de Curitiba e ex-senador Roberto Requião falou com firmeza e serenidade. E mandou oportuno e necessário recado a Lula. Mais que um recado, pode até ser dito. O que Requião afirmou pode ser entendido como um simples recado ou como um conselho, que não seria prudente o triPresidente ignorá-lo. A síntese transparece na frase que inicia um dos registros jornalísticos da fala do líder paranaense: Lula, governe para o povo ou o povo te abandona. Se são conselho, as palavras do ex-governador do Paraná também podem ser vistas como uma advertência. Uma cobrança, talvez mais que tudo. Não se espere que Requião está esquecido da dependência atual de Lula aos caprichos, apetites e à voracidade com que se comporta o centrão. Os parlamentares que constituem essa expressão viva do é dando que se recebe fizeram do atual Presidente da República seu refém. Com o Presidente que Lula sucedeu, a Câmara protagonizou a terceirização do poder. Nesse sentido, Arthur Lira, o Presidente da Câmara, conseguiu inventar e operar uma espécie de parlamentarismo espúrio. Roberto Requião também não ignora os riscos de contrariar o centrão, quando a liderança desse malfadado grupo tem no Presidente da Câmara seu mais destacado representante. Não é à toa que pelo menos quatro pedidos de impeachment do Presidente da República já foram apresentados. Tendo-os na própria gaveta, o alagoano Lira considera-se detentor da faca que corta o queijo. A qualquer momento ele pode suspender a conduta adotada durante o período 2019-2023. É como se o queijo mesmo estivesse em poder dos ratos. Requião tem muita razão quando indica a probabilidade de o terceiro mandato de Lula servir menos à desconstrução da má imagem que o ex-metalúrgico logrou firmar, levando-o ao rol dos estadistas mundiais. Empenhado em ocupar posição de relevo em nível internacional, Lula precisa neutralizar o centrão e - mais que apenas isso - levar o povo brasileiro a conquistas mais duradouras que as por ele legadas, em seus mandatos anteriores. De tão frágeis, os avanços experimentados pelo Brasil nos dois períodos em que ele governou foram eliminados pelos sucessores de Dilma Rousseff. Também Roberto Requião sabe das dificuldades que Lula terá, diante de uma batalha que se trava em amplos espaços da verdadeira frente ampla que o devolveu ao Planalto. As últimas consultas ao eleitorado parecem um sinal de alerta. Os inimigos do Presidente costumam levianamente chamá-lo de bêbado. Ele está mais para equilibrista, como disseram Aldir Blanc e João Bosco.


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