Polarização e globalização
- Professor Seráfico
- 22 de mai.
- 2 min de leitura
É preciso que nos demos conta de certas interpretações do cotidiano mundial, contraditórias em sua essência. Ao mesmo tempo em que condenamos a polarização forçada, desafiadora do mínimo de inteligência de que disponhamos, incidimos no mesmo e maléfico hábito. O nós contra eles acaba surgindo pela facilidade com que se constroem interpretações equivocadas (alguns chamam a esse feio hábito narrativas) e se as lança no ar, na pretensão de torná-las puras verdades. Isso as tornaria influente fator, quando decisões firmes e convincentes têm que ser tomadas pelos governantes, seja lá o continente em que exerçam seu poder e sua responsabilidade. Ainda recentemente, li comentário do jornalista Merval Pereira, a respeito da conduta do Presidente norte-americano, que os círculos oposicionistas dizem estar interessado em pressionar o Supremo Tribunal Federal, com a intenção de aliviar a gravidade dos crimes atribuídos ao (como o consideram a PGR e o próprio STF) líder de uma organização criminosa. Tal propósito de Trump resultaria em despachar para o Brasil um de seus auxiliares, com o objetivo de entrevistar os interessados no assunto. Não é dito nem sugerido pelo comentarista da Globo News, quais seriam esses entrevistados. Também é mencionada no mesmo texto a confusão que Trump vem promovendo no Planeta. As idas-e-vindas características do Presidente dos Estados Unidos da América do Norte, tão velozes quanto o movimento das nuvens, aturde todo mundo e gera dúvidas prejudiciais até à paz mundial. Até aí, Merval Pereira parece ter razão. Não basta isso, todavia, para vê-lo como sinceramente empenhado em contribuir para o fortalecimento da democracia e a paz no mundo. Consta do texto (Mundo caótico, Globo, página 2) a contraposição entre o que ele chama civilização ocidental e os interesses das nações e governos do outro lado do Planeta. É, sem nenhuma dúvida, uma nova forma de reforçar a polarização, sobretudo quando a crise climática dá razão à maior e mais intensa comunhão de interesses, a que a globalização e a multipolarização do poder podem oferecer perspectivas mais promissoras.
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