Prerrogativa das pessoas, o exercício da política tem componentes simbólicos inescapáveis aos que por ela se interessam. Melhor seria até dizer, quando tal interesse é consciente. A rigor, como dito desde a Antiguidade Clássica, o homem é essencialmente um animal político. Não precisa ter lido Aristóteles, para saber disso. Basta verificar qual a matéria-prima do processo político: a vontade, individual ou coletiva. Manifesta nos sonhos, aspirações ou anseios, dessa condição é que se trata, se de Política cogitamos. A linguagem humana, desde os tempos mais remotos, usa símbolos para expressar sentimentos, emoções e percepções. O alfabeto talvez seja o mais conhecido conjunto simbólico. Muitos outros vieram depois deles, de que têm ganhado destaque os chamados símbolos nacionais - bandeiras, hinos, brasões, monumentos etc. Cerimônias oficiais, em geral, trazem consigo carga simbólica muitas vezes não percebida por boa parte dos observadores. No último sábado bilhões de habitantes do Planeta assistiram a um dos mais marcantes exemplos disso. Refiro-me à coroação do rei Charles III, oito meses após a morte da rainha-mãe Elizabeth II. Por mais que se discuta a aparência anacrônica do regime monárquico em pleno séc. XXI, é impossível perder de vista o significado da monarquia para os súditos, não para os governantes. Mesmo que se considerem expressivos os protestos (esse não é meu rei seria o brado dos opositores, não coberto pelos media), seria desonesto ignorar certa alegria, até visível orgulho, na face da maioria da plateia que se aglomerou à frente do Palácio de Buckingham. O suposto anacronismo da monarquia em si mesma pode ser enfraquecido pelo caráter parlamentarista a que estão submetidos os monarcas, na maioria dos países onde ainda há tronos e reis. E, ao que se sabe, nesses países, os reis ou rainhas parecem admirados pelos súditos. A divisão entre as figuras do chefe de Estado (o rei ou rainha) e do chefe de governo (o Primeiro-Ministro) reserva ao primeiro um papel quase totalmente simbólico. No caso do Reino Unido, há quem afirme que seu rei, seja lá quem for, não tem poder, mas influencia as decisões dos que o tem. Holanda, Espanha, Bélgica, Dinamarca, Noruega e Suécia são algumas das outras nações monárquicas, sem que isso as leve ao atraso em que ainda permanecem outras monarquias e muitas repúblicas. A monarquia daquelas nações, pelo menos, não se identifica com o autoritarismo. Eis aqui bom tema para discussões e pesquisas.
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