Perspectivas promissoras

A viagem do Tripresidente Lula à China parece abrir perspectivas milagrosas para o Brasil. O noticiário dos últimos dias, quando ainda não havia decolado o avião presidencial, despertou esperanças nos mais ostensivos e reservados críticos do governo. Muito pescoço foi esticado, para facilitar manifestações de setores e grupos até então reservados ou hostis às propostas contidas no chamado arcabouço fiscal. Certamente, a bolsa não funciona em alta, nem o dólar caiu porque Lula vai tratando de arrumar a casa e fazê-la prosperar. Qualquer que seja o arranjo, impossível manter intocadas as fortunas nem sempre construídas licitamente, enquanto os que concorreram para que elas crescessem tanto vivem à mingua. Muitas das medidas anunciadas pelo Presidente da República vão nessa direção. Algumas delas, porém, despertam os apetites de sempre. A retomada de obras paralisadas aos milhares, em todo o País, atrai esses apetites. Ganhos salariais acima da inflação, de que se beneficiarão os travalhadores, favorecem o consumo. Isso também afaga a indústria e o comércio. Há outras expectativas, porém, com mais força persuasiva, em geral ligadas à viagem de Lula. Junto com ele foi boa parte do PIB nacional. Mudos que fiquem os visitantes, pela ignorância de qualquer palavra em mandarim, eles já terão feito as contas. Não é pouco imaginar-se vendo embarcar mercadorias destinadas à Chna. Se o resultado dos novos negócios beneficiará igualmente os que, não tendo dinheiro, dão suor - e sangue, em muitos casos - ainda se está por saber.