Já nem me interessa, a não ser secundariamente, saber quantas as árvores que a Prefeitura de Manaus pretende derrubar, no Parque dos Bilhares. Se serão 2, 132 ou 202, interessa pouco sabe-lo. Pelo menos, agora. Conhecer as justificativas para a derrubada é o que me parece mais questionável. Cidade carente de espaços onde a vida humana possa transcorrer em nível de dignidade correspondente aos padrões civilizatórios a que se diz termos chegado, é preciso encontrar fortes e irremoviveis razões para a eliminação dos exemplares vegetais ameaçados. Alegar a necessidade de instalar unidades da administração municipal naquele parque criado e construído pelo ex-Prefeito Serafim Correia parece pouco. É inacreditável que o Município não disponha de terras de seu próprio patrimônio como alternativa. Ainda mais, quando o propósito é instalar na atual área três prédios destinados a serviços que, a rigor, fogem completamente à finalidade do Parque. Nada que estudos sérios, isentos dos vícios que levam, por exemplo, à compra de ventiladores hospitalares em loja de vinhos, não possam esclarecer. Pode até ocorrer de evidenciada a necessidade e a oportunidade, a exigência até, de a área em causa acolher os prédios. Não sem antes ser tentada, no mínimo, drástica redução no número de árvores a serem derrubadas. Pretextos não são razões. Quando ocorre de serem confrontados, é quase certo o erro que se pretende cometer. Com minha ressalva tantas vezes repetida, relativamente à impossibilidade de governos, em qualquer nivel e lugar, cometerem equívocos. Vá-se fundo na questão, é quase certa a identificação dos que ganharão com a morte de 132 - ou quantas forem - árvores. Se até a morte de pessoas não é sempre levada em conta, o que se poderia esperar, se vegetais não votam? Brumadinho, Mariana, Belo Monte e Guaíba dizem melhor que mil argumentos.
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