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Permanência

Grande parte da sociedade brasileira surpreendeu-se com a reação das instituições ao quebra-quebra promovido por hordas fascistas, no último domingo em Brasília. Mesmo pessoas de boa fé, ainda que em número bem menor que os outros apoiadores do ex-Presidente fujão, mostraram desagrado pelo vandalismo praticado contra o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto. A surpresa de muitos resulta da demasiada tolerância revelada pelas autoridades, enquanto o capitão excluído do Exército aproveitava-se do cargo para enxovalhar as instituições, agredir a democracia, desmontar as organizações do Estado e praticar crimes contra a cidadania e o Estado Democrático de Direito. Não fora seu envolvimento na tentativa de antecipar as práticas terroristas no domingo postas em ação, motivo de sua exclusão das forças armadas. Os episódios de 8 de janeiro parecem ter despertado, pelo menos no que toca os cidadãos que ainda guardam consigo algum traço de humanidade e dignidade, o sentimento de que a leniência e a tolerância, quando demasiadas, fazem prosperar os maus propósitos dos governantes. Mais ainda, quando a conduta dos responsáveis pelas funções governamentais revela invulgar incompetência e acentuada vocação autoritária. Não faltaram exemplos do comportamento marginal do ex-Presidente, desde sua extrema proximidade com milicianos e outros círculos marginais até a imposição de práticas e procedimentos absolutamente incompatíveis com a democracia, os bons costumes e os princípios republicanos. A surpresa anterior referia-se à dócil submissão de segmentos oficiais que deveriam zelar pelo fortalecimento da democracia, vigente nos mais longos quatro anos da História do Brasil. A tentativa de golpe que o sentimento majoritário da sociedade brasileira estancou merece permanente e crescente oposição, até que se tornem inférteis os ovos de serpentes aninhados em quase todos os setores de atividades. Isso será conseguido primeiro, com a condução rigorosa do devido processo legal, do qual resultará a justa punição dos envolvidos, dos financiadores até às autoridades desidiosas, passando pelos prepostos mandados â linha de frente da baderna. Depois, atualizando o ensino nas escolas militares. Trazê-las para o séc. XXI, com a compreensão do mundo contemporâneo, substancialmente diverso dos anos 1940 a 1970.

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