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Pergunta incabível

O desrespeito às normas estabelecidas pelos poderes competentes, tanto quanto a recusa em executar decisões dos tribunais só agora começam a incomodar certos setores da sociedade. Até as recentes agressões à ordem jurídica e os desafios diários do Presidente da República ao ordenamento legal do País, rara era a linha dedicada pelos jornalistas e as palavras dos sempre falsamente indignados cidadãos a chamar a atenção para esses fatos nada republicanos. Fácil era constatar quanto parecíamos talvez o único Estado nacional em que havia leis que pegam e leis que não pegam. Tudo ao gosto do mandante de plantão e sua coorte de apoiadores. De tal sorte a convivência democrática e republicana se tem esvaziado, que representantes populares, alguns dos quais integrantes do Poder Legislativo, perpetram os mesmos atentados contra o ordenamento jurídico. Chegados, portanto, a uma situação de ostensiva anomia. Aquela cena tantas vezes traduzida em sentença fundada no mais absurdo e antiquado autoritarismo - manda quem pode, obedece quem tem juízo. Quem pode, neste caso, é quem tem a seu dispor as armas que suprem a covardia de muitos e satisfazem as taras de outros tantos. O juízo, neste caso, é a subserviência capaz de fazer o indivíduo renunciar até à sua própria vontade. Por tudo isso, soa inoportuna, atrasada de alguns anos, a pergunta que alguns andamase fazendo : até quando...? Cícero, nas Catilinárias, já formulava a mesma pergunta, em 63 a.C, para denunciar as práticas do senador e conspirador Lúcio Sérgio Catilina. Dos falsários de hoje seria até patético exigir o mínimo conhecimento da História.

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