Mais um homicida frio posa de arrependido e pede perdão. Desta vez, foi Ronnie Lessa, o matador da vereadora Marielle Franco e de seu assessor Anderson Gomes. Do outro Élcio de Queiroz, nada soube, a respeito de pedir perdão. Em depoimento, o ex-integrante da PM do Rio de Janeiro disse da torpe motivação usada para disparar contra a parlamentar e seu auxiliar, declarando o nome dos que prometeram pagar por sua torpe tarefa. Os financiadores, dois políticos fluminenses, também já choraram frente às câmeras, apresentando-se como homens de bem. Semelhantes aos irmãos Brazão, sabemos de muitos, alguns já mortos, outros ainda vivos. Dessa estirpe participam grandes financistas, por décadas reverenciados como cidadãos piedosos e generosos. Capazes de, toda manhã, receberem na missa a hóstia consagrada, para mais tarde assinarem cheques que adquiriam instrumentos de tortura. Neste caso, para servir à ditadura e matar não só uma vítima, mas quantas pretendessem os poderosos de então. A diferença entre as formas e as razões para o pedido de perdão, comparados os sicários com os assassinos beneméritos, não obscurece um aspecto que convém destacar. A apuração e a punição de um crime é matéria de ordem pública, interessante, portanto, a toda a sociedade. O perdão é providência reservada, salvo em casos especialíssimos, à divindade. Interessa, por isso, aos que professam alguma fé religiosa. Não cabe, então, a qualquer mortal conceder perdão a quem quer que seja, quando se trata de apurar e punir qualquer pessoa que tenha cometido um delito. Essa é tarefa do Estado, dentre as muitas responsabilidades e prerrogativas do Poder Judiciário. Quanto mais religião e Estado estiverem distantes uma do outro, melhor para a república, a democracia e a sociedade.
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