Patuscada?
Tornou-se célebre o pato amarelo da FIESP. Sua presença nas manifestações de rua em 2013, e depois no processo que acabou com a derrubada de Dilma Roussef, diziam das preferências e compromissos do PIB nacional: subsídios, lucro, sombra oficial, proximidade (promiscuidade, às vezes) com o poder. É de lá que vem, agora, uma palavra de descontentamento, não se sabe ainda ao certo em relação a quê. Três das mais importantes lideranças empresariais vinculadas à Federação que reúne 133 sindicatos patronais e 130 mil empresas assinaram documento diferente dos memoriais e exposições de motivos rotineiros. Nestes, quase sempre, a entidade marcava posição egoística, votada e devotada a assegurar cada dia maiores lucros.
Está-se ainda por saber o que terá inspirado os signatários do texto - se a desconfiança de que sem consumidores quem produz não tem a quem vender; se sensibilidade mais apurada quanto aos riscos que ameaçam os mais ricos, quando a maioria se torna mais pobre; ou se a disseminação, mundo afora, da ideia de que a desigualdade - não a pobreza - é o grande inimigo da paz social.
De qualquer maneira, é um gesto. Se for o primeiro de uma série crescentemente
afirmativa, solidária e combatente da desigualdade, ótimo! Se for, porém, mais uma patuscada, torna-se lamentável.