Passo atrás
- Professor Seráfico

- 4 de ago. de 2023
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Deputado amazonense (Dan Câmara- Republicanos) pretende levar a evangelização às unidades prisionais do Estado do Amazonas. Ignorar o caráter republicano e laico do Estado contemporâneo não é privilégio do parlamentar. Nem por isso deve ser posta de lado essa questão fundamental, qual seja a de respeitar os princípios que norteiam as ações do poder público, se falamos de uma república. Quanto à laicidade, resta observar a ofensa consistente em restringir o exercício e a prática religiosa, de que resulta a agressão à liberdade individual, quando somente os crentes em determinado deus são contemplados. É bem o caso. Segundo se sabe, o deputado também pastor evangélico pretende criar um privilégio deferido aos que professam as religiões obedientes à pregação de Jesus. Seja bom e honesto, seja perverso e desonesto esse exercício. Nem se dá conta o parlamentar da multiplicidade de vertentes em que se desdobrou o catolicismo, desde a Reforma de Lutero e Calvino. Sequer da existência de outras religiões e credos, muito anteriores ao próprio cristianismo. Ou nas prisões não há muçulmanos, judeus e fiéis de outros deuses abrigados? O atentado à liberdade individual e à laicidade parece admitir a existência de apenas um deus, aquele que interessa ao autor da proposta agradar. O suficiente para ver desacatados Maomé, Abraão, Buhda, e tantos outros orientadores e inspiradores dos fiéis, se é dada exclusividade ou preferência a apenas os seguidores de Jesus. O convívio com seres humanos pertencentes à mais diversificada orientação religiosa revela contrária e ofensiva ao próprio andarilho de Nazaré qualquer pretensão que enfraqueça o sentimento de fraternidade por ele mesmo e seus discípulos pregado. Exemplos disso não têm faltado, sendo que se multiplicam e espalham por todos os continentes, os valores cristãos que fundamentam as práticas e a vida e que têm no Papa Francisco um dos mais sinceros e comprometidos pregadores. Tanto quanto nos colégios é posta a possibilidade de os alunos serem assistidos por representantes, pregadores e sacerdotes das religiões a que se vinculem, o mesmo deve ocorrer nas penitenciárias. E em todas as organizações do estado. Propor e fazer o contrário é dar um passo atrás na própria história da humanidade.

Teocracias sempre foram intolerantes e responsáveis por massacres na história mundial.