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Papéis explosivos

As burocracias alimentam-se, dentre tantas outras coisas, de papéis. É neles que se registra, para o bem e para o mal, boa parte da História que um dia será contada. Mesmo que o sigilo centenário pese sobre eles, sempre haverá o momento de rompê-los e deixar tudo à luz do sol. Na História do Brasil não têm faltado papelada importante, nem estudiosos cuja curiosidade não é afetada pelo segredo dos que militam contra os bons costumes- sociais e políticos. Durante a ditadura Vargas (1930/1945), talvez o mais conhecido desses documentos seja um tal Plano Cohen. Ele terá sido o mote da implantação da primeira ditadura brasileira do século XX, se não quisermos mencionar os quatro anos do governo Arthur Bernardes (1922-1926), quase todo sob estado de sítio. O fato é que o Plano depois revelado inexistente foi decisivo para a ditadura que nos deu outro papel envenenado, a Constituição de 1937, com razão chamada polaca. Mais tarde, um manifesto lido pelo coronel Mamede agravou o golpe que se vinha tramando contra o então Presidente eleito Getúlio Vargas. A consequência real mais importante desse documento, o manifesto dos coronéis, foi o suicídio do político e fazendeiro gaúcho. A morte do Presidente adiou por dez anos o golpe. Daí até aqui, não tem faltado papelório comprometedor, de que atualmente são representativas as fake-news, nascidas nas redes virtuais, mas logo levadas ao papel impresso. Chegou o momento em que elas não se fartaram com a disseminação em massa, nem com a manutenção apenas sob a forma virtual. Nesse contexto, tornada difícil a identificação dos que produzem mentiras e tentam fazê-la passar por verdades irretorquíveis, o papel, físico e legível, voltou a ter importância. Não sem intranquilizar os que escrevem sobre eles. Por isso, as autoridades policiais, do Ministério Público e judiciárias brasileiras se debruçam sobre os mais recentes papéis encontrados. Desta vez, foi abortado o golpe de que o ex-Ministro da Justiça Anderson Torres é dado como autor. No mínimo, influente colaborador. Comparando-os, o golpe agora frustrado e o bem sucedido golpe de 1937, e seus supostos criadores, as diferenças são abissais. E apenas se somam às diferenças que podem ser estabelecidas entre o (des)governo que encerrou em 32/12/2022 e todos os que o antecederam. O Anderson de hoje guarda milhões de milhas de distância de Francisco Campos, o Chico Ciência chamado. Não apenas porque não passe de um mané, mas por sequer saber o que é Ciência. Para ele, vale mais uma vez dizer: perdeu, mané!

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