O que mais se tem usado na política brasileira são os panos quentes. Tidos com,o algodão entre cristais, certos indivíduos influentes agem em nome de uma tal governabilidade de que se está por saber qual a virtude. Em favor dela e dos que exercem o poder, admitem-se, aplaudem-se, perdoam-se e até se premiam atentados contra a democracia e tudo quanto ela exige. Também é essa tibieza de caráter e excessiva tolerância que se nutrem as mais espúrias alianças. Daí que a luta pelo poder se transforme num vale-tudo sem tamanho e limite. Mais que outras casas mal-afamadas, as Casas do Congresso merecem , com exatidão, o nome de casa de tolerância. Ao mesmo tempo em que manifestações de opinião são intoleradas e perseguidas, tolera-se a prática de variada sorte de crimes, não raro assegurando aos seus agentes o mais raso perdão. Alguma vezes, seguido de reincidência, móvel da repetição do perdão. Refiro-me, em especial, ao charivari
retumbante, diante de qualquer ameaça ao pacto das elites. Curioso é ainda haver quem estranhe, em rotina enfadonha e vergonhosa, a substituição do escândalo de ontem por escândalo mais novo. Todos esquecidos de que uma das razões disso está na docilidade com que se aceitam as condutas malsãs, muitas vezes freneticamente aplaudidas pelas próprias vítimas. Para isso servem os panos quentes tão louvados, revelação das péssimas intenções - dos delinquentes, tanto quanto dos que fingem combatê-los. Temo apenas que chegue o dia em que tantos panos a aquecer acabem por comprometer o aquecimento do clima e o fornecimento de energia quem dela precisa.
não há como confiar em políticos que negociam suas posições por dinheiro