Um falso antagonismo é abordado pelo engenheiro-eletricista Demi Getschko, na edição de 29 de agosto, no Estado de São Paulo. O texto intitula-se Risco de um falso antagonismo e, num certo sentido, faz-me lembrar de texto algo semelhante, que escrevi e distribui a sucessivas turmas de alunos do curso de Administração. Teoria e prática - um falso dilema foi o título que lhe dei. Pois bem; a argumentação desenvolvida com simplicidade e clareza pelo profissional das ciências ditas exatas nem sempre é observada em autores formados nas ciências sociais. O estilo simples e a objetividade do texto dão ao leitor, mais que a satisfação pelo próprio fato da leitura, condições de apreciar as contradições que marcam nosso tempo. Todos - uns mais, outros menos - desejam fazer-se notados. Alguns tornam-se notáveis, expressiva sua contribuição para a solução dos problemas comuns, um dia qualquer reconhecida. Outros, pelo currículo recheado de trapalhadas, quando não crimes de toda ordem, chegam ao status de notórios. A gratificação de uns, a notabilidade, não é a mesma dos outros, ganha apenas por estes a notoriedade. Demi Getshcko não menciona, mas nestes dias todos comentávamos uma situação em que a privacidade e a celebridade (como se a vê hoje) parecem construir um binômio insolúvel. Aí pode valer-nos utilizar o que o articulista usa para concluir seu texto, aplicável (é preciso dizer) ao controverso transplante de coração a que se submeteu o apresentador Faustão, e tomara que ele viva muitos anos mais. Eis como Getscko conclui seu texto: a transparência deve ser diretamente proporcional ao poder; a privacidade, inversamente proporcional ao poder. O saber popular diria, e minha mãe me ensinou: quem não pode com o pote, não pegue na rodilha.
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