Ouçamos Sêneca!
Dia Internacional do Combate à Corrupção. Sim, é hoje! Quanto ao dia em si, estendo a percepção já manifestada: se a decência da vida exige a eliminação do mal, todo dia é propício ao bom combate. Se o fenômeno de fato incomoda, por que se globaliza e se torna instituição cuidadosamente planejada, estendida, mantida em nível de crescente criatividade? Não é disso que nos fala o (digo-o com o sentimento íntimo, misto de nojo e pilhéria)Departamento de Operações Estruturadas da Norberto Odebrecht? Quantas vezes e quando se viu combater tão tenazmente esse subproduto do mercado? Não, na Itália de Berlusconi. Muito menos no Brasil de Sérgio Moro – et caterva. Reunamo-nos os poucos que ouviram a recomendação de Sêneca, porque o antigo romano disse do bom combate. Mesmo sofrendo revés, sempre terá valido a pena nele empenhar-se. Sem o aceno dos antes supostamente combatidos, sem a reverência dos beneficiários selecionados. Tenhamos estômago apto a conter o nojo. Só assim nossas entranhas viscerais evitarão pôr para fora os excrementos de que tantos se alimentam. Não finjamos, todavia, ignorância aspirante à cumplicidade, tolerância que nos faz associados, leniência igualmente criminosa. Louvem-se as iniciativas em torno do dia, como tantos similares motivos de festa. Sem jamais esquecer da corrupção como não se esquecem as doenças transmissíveis. O cuidado de todo dia, a lavagem de nossas mãos, a imunização de nossas mentes talvez ajudem. Grave-se na memória a sentença inspiradora: criar dificuldades para vender facilidades. Assim é, assim tem sido. Será, se o permitirmos!