Os tolos – ou não?
Comove-me a tolice das pessoas. Ainda em dúvida sobre ser esta a motivação delas, ofereço-lhes minha compreensão e tolerância. Sobretudo, porque não me sentiria confortável se o sentimento de pena me fosse oferecido. Para mim, a indiferença e a pena são os dois piores sentimentos de que o ser dito humano é capaz. De oferecer e receber. Ao portador de ódio e de amor, há sempre a possibilidade da resposta, da retaliação. A escolha está à altura do destinatário que deseja fazer a troca. Do estoque de amor ou de ódio contido depende a forra. Essa a razão por que encontro arrependimento que a coragem escassa não expressa, nos que agora pregam o amor, depois de se terem engajado na mais odiosa e odienta mobilização política registrada nestas terras, com alguma ironia um dia da Santa Cruz chamada. Muitos, alimentados por informações cotidianas, ridiculamente mostram-se hoje como habitantes de Marte. Por descuido, teriam chegado a algum ponto deste Planeta, onde não existia ninguém. A não ser os falsos profetas, espada em punho apta a instaurar o reino da Paz e da Felicidade. Sempre à custa do ódio e de seus subprodutos: o preconceito, a arrogância, a opressão. Quando o País chega perto da meta desejada e precocemente anunciada, dá-lhes aquela vontade de dizer “não tenho nada com isso”. A repetição do já reprisado “ e daí”?
Recuso-me, porém, a responder com o mesmo sentimento (vá lá, a mesma falsa ignorância) dos despertados pelo remorso. Ainda que falte a grandeza necessária ao mea culpa de que só os seres verdadeiramente humanos são capazes. Não cobrarei isso dos membros de rebanho cujo pastor não se equivoca, apenas é destrambelhado na busca de antigos e bem aplaudidos objetivos. Esse rebanho pode ter-se reduzido, sim. Mas, convenhamos, pelo menos 15 milhões de cabeças (ou será outra coisa?) ainda frequentam o cocho e o curral.