Ainda não encontrei comentário que trate de aspectos menos aparentes, mas significativos da manifestação de ontem na Avenida Paulista. Abundam as considerações a respeito da multidão mobilizada e presente na frente de uma dos bastiões conservadores, a FIESP. O destaque é dado ao número de participantes, não ao caráter de que se reveste a reunião. Em política, vale muito mais que o número, o significado do ato. Na Matemática, os números é que devem ser levados em conta. Se a quantidade de cidadãos hostis à democracia não foi tanto quanto desejavam e previam os organizadores, mentiroso será o que diz ter-se tratado de uma reunião de gatos pingados. Afinal, tem-se afirmado corresponder a cerca de 30% o rebanho mobilizado. Esperar que todo ele estivesse na Paulista seria mera sandice. Ainda que todos fossem lá, ouvir preces, impropérios, ameaças e mentiras, nem isso atribuiria tônus político ao evento. Deve-se atentar, porém, para dois aspectos fundamentais. O primeiro tem a ver com os cuidados que o lider da mobilização recomendou aos seguidores. Não foi esse, contudo, o ponto mais importante de seu discurso, mas o fato de ter admitido a confecção e a existência do plano do golpe. Depois, mantido sub judice, não é a multidão reunida na rua que decidirá o futuro político do ex-Presidente. Refiro-me ao julgamento dos processos que darão sequência às investigações que, dia-após-dia, mostram-no mais implicado. Como acréscimo à prolatada decisão de inelegibilidade, um fato concreto. A decisão constitucionalmente cabível, quem a deu foram as urnas, em outubro de 2022. Também cabe perguntar se, concretizado o golpe, o País testemunharia a livre manifestação dos derrotados. Só a garantia dos direitos que a democracia protege permite atos como o de ontem. Isso é que sinto faltar nos comentários até agora divulgados.
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