Há muito é dito que a História, como as águas de um rio, não se repete. A aparência de repetição, portanto, não basta para consagra-la como tal. É preciso, então, atentar para as minúcias, as peculiaridades e o momento em que a suposta imitação acontece. Só a compreensão adequada de cada momento e a percepção de suas particularidades revelarão não serem as mesmas as águas (permitam-me a metáfora) por onde navegam os protagonistas. O porto, sim, pode ser o mesmo. Daí vir-me à memória episódio que dista mais de 80 anos de nós. Refiro-me ao plano Cohen, pretexto que levou o País ao ignóbil Estado Novo. Atribuindo a autoria de um documento elaborado e usado pela Ação Integralista Brasileira à adversária Aliança Nacional Libertadora e à Internacional Socialista, o governo substituiu a Constituição de 1934 e fez de Getúlio o ditador. Os nomes mais destacados dessa trama antidemocrática são os do então capitão Olympio Mourão Filho e o general Góes Monteiro, não por acaso, Ministro da Guerra de Vargas. São detalhes, apenas para colocar as águas no leito em que correu e corre a História.
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