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ORIGEM BÍBLICA DE POVOS

         

                                   Orlando SAMPAIO SILVA


                     Há algum tempo passado, este blog publicou um texto de minha autoria, que versava sobre a origem de alguns povos, de conformidade com a Bíblia. Referidas considerações foram colhidas do livro de minha autoria intitulado “Novas Interpretações Referentes à Formação e à Vida do Povo Hebreu/Judeu - Personagens Bíblicas” (Ed. Scortecci, 2022).

                     Neste texto ora divulgado, complemento o acima referido, sempre tendo como fonte esse meu livro, conforme abaixo.

                    Existe o registro do desentendimento entre Noé e seu filho Cam. Noé, sentindo-se desrespeitado pelo filho, fê-lo sofrer mediante punição aplicada ao filho de Cam. O filho de Cam punido provavelmente (a Bíblia não é explícita) foi Canaã sobre o qual caiu a maldição que o condenou à escravidão e, mas, também, tornar-se o “pai fundador” dos Etíopes, povo da Etiópia, África. Notar (v. artigo anterior) que Cam fora o “pai fundador” do povo Cananeu, e teve entre seus filhos o que se chamava Canaã. Tempos mais tarde, veio a existir, no Oriente Médio, uma terra chamada Canaã, na qual viveu o povo Cananeu (esta terra, Canaã, viria a ser a bíblica “Terra Prometida”). Evidencia-se que nessas narrativas bíblicas sobre origens de povos, está contida uma relação de causa e efeito ou uma fusão de funções de paternidade com funções de fundadores de povos.

                    Quanto aos Etíopes: Etíope, na linguagem hebraica, significa “cara queimada”. Existe, ainda hoje, etíopes que se consideram e são considerados judeus (muitos emigraram para o Estado de Israel dos nossos dias, onde foram acolhidos). Há intérpretes bíblicos que afirmam, em acréscimo, que este neto de Noé (Canaã) foi a origem fundadora, não apenas dos etíopes (ou seja, dos nascidos na Etiópia), mas, sim, de todas as etnias negras africanas, por serem todos, como os etíopes, “caras queimadas” (pretos); neste caso, “etíope” (“cara queimada”) deixaria de ser a denominação de um povo africano específico, para ser um nome genérico e abrangente para a totalidade dos povos originários da África subsaariana, igualando todos e eliminando as diferenças e identidades étnicas específicas! Absurdo. O termo Etíope tem a função específica de designar uma etnia, o povo da Etiópia. No presente, o substantivo que designa a multiplicidade de povos da África (inclusive os Etíopes), o nome genérico, é africano. A parte do continente africano ao sul do deserto do Saara, é povoada por um avultado número de sociedades com suas culturas, diferentes etnias, diversos povos. Admitir aquela versão generalizante, seria negar o processo evolutivo biológico, social e cultural dos povos negros africanos, cujas origens vêm da espécie Homo sapiens (como os saarianos do norte da África e todos os demais povos africanos e não africanos  -  com a pequena contribuição dos neandertais na constituição genética de diversas populações, especialmente, mas não exclusivamente, as europeias). Sendo que, até o ponto em que se encontram, em nossos dias, os conhecimentos sobre esse processo constitutivo, originário, os mais antigos integrantes da espécie Homo sapiens, em sua generalidade, tiveram origem e viveram na África, de onde emigraram para o resto do Mundo.

                    É de se pontuar que o fundador (bíblico) do povo etíope / caras pintadas (os povos africanos subsaarianos) havia recebido, como castigo, sua condenação à escravidão! Como é sabido, muitos povos africanos seriam, no futuro (em relação à época bíblica em apreciação), inseridos em brutais processos históricos como vítimas da escravidão, condição social a que foram levados a partir da época dos “grandes descobrimentos” e ao longo do mercantilismo econômico.

 

 

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